BREVE DESCRIÇÃO DO CARÁTER ESQUIZÓIDE

  • Claudine Maria DE BONA
  • Vilmary Fátima ZINK
  • Maycon dos Santos MUNHOZ
Palavras-chave: esquizóide, tipologia, caráter, corporal

Resumo

Este resumo descreve o caráter esquizóide baseado no livro O corpo em terapia, de Lowen (1889). Entre o caráter esquizóide e a esquizofrenia existe uma diferença de grau, e sua manifestação depende da subjetividade e tendências do indivíduo mais do que de fatos. Esquizóides seriam aqueles que, sem portarem uma verdadeira psicose, exibem traços isolados ou mecanismos tipo esquizofrênico. Todavia, a “disposição psicótica”, diferente de comportamento psicótico, diferencia o caráter esquizóide do esquizofrênico. Na psicose há a foraclusão do Nome-do-Pai, o psicótico está no campo da alienação, no fora-do-discurso. O esquizóide tem inscrição no discurso e separação pelo Nome-do-Pai, mas pode alienar-se do Outro. As emoções dos esquizóides parecem ser inadequadas, com comportamento “como se” tivessem relações de sentimentos com as demais pessoas. A personalidade tem a mesma função das roupas. Não é sentida como parte integral do ser. O esquizóide tem pouco ou nenhum mecanismo de defesa do ego, como transferência e resistência. Por isso mesmo a terapia com esses indivíduos pode desenvolver-se de modo espantoso desde que o paciente tenha estabelecido bom contato com o terapeuta. O caráter esquizóide funciona na realidade por uma questão de sobrevivência, mas sem a convicção interna de que seus valores sejam reais. Falta-lhe o controle sobre suas reações e está mais a mercê de forças externas. Responde imediatamente e diretamente a afeição, mas de modo similar, paralisa-se se ante uma situação negativa. A sensação de si mesmo em relação à realidade material é fraca, mas tem grande capacidade espiritual, de ternura e simpatia. Infelizmente é difícil focar tais qualidades em um objeto real devido sua falta de identificação egóica. Pode centrar sua ternura por um tempo em uma pessoa, mas logo a tensão causada pela tentativa de contato provoca a ruptura. É típica a sensação dissociada de sentimento e comportamento, e difícil o movimento expressivo. Mantém a unidade mente-corpo por um fio. Seu corpo como um automóvel, fora, casa de seu self sensível e intelecto. A cabeça não parece estar presa com firmeza ao pescoço rígido, e não é incomum que esteja ligeiramente inclinada para o lado, uma vez que a atitude do esquizóide é o desligamento, como se a cabeça estivesse fora da linha central. Apresentam fortes tensões isoladas e rigidez visível no pescoço. Tensões musculares e baixa mobilidade da escápula. Bloqueio entre pélvis e espinha. Pouca articulação de quadril, imobilidade pélvica maior que todas as outras estruturas neuróticas. Tensão e rigidez interna, com aparência externa de quietude. Corpo tenso e carregado, movimento mecânico. Principais áreas de tensão estão na base do crânio, articulações dos ombros, pélvicas e ao redor do diafragma. Essas são características gerais que podem estar presentes no caráter esquizóide. A provável construção de tal caráter se dá porque um embrião que cresce e desenvolve-se em um útero duro e frio também se congelará, apesar de manter seu centro carregado de energia, pois o congelamento se dá por frio e não por pressão, como ocorreria em um adulto. Em um útero frio e não amoroso a periferia se esfria, mas o núcleo permanece vivo. A criança que nasce em um ambiente hostil, com uma mãe com ódio e fria, se sente ameaçado. Ódio não é raiva, que é quente e quer mover algum obstáculo. Ódio é amor congelado, e imobilizador. Por isso, o caráter esquizóide, e certamente o esquizofrênico, enfrentam a vida com centro vital sensível e energético, mas com sistema motor de descarga contraído.
Publicado
2016-05-03