VINCENT VAN GOGH: CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIDA DO PINTOR HOLANDÊS A PARTIR DA PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL

  • Consuelo de Almeida Vasques Fernandes Centro Universitário Autônomo do Brasil - UNIBRASIL
  • Daniele Moscardi Centro Universitário Autônomo do Brasil - UNIBRASIL
  • Emanuele Nava
  • Rachel Rosa Ribeiro Centro Universitário Autônomo do Brasil - UNIBRASIL
Palavras-chave: Psicanálise, Psicopatologia Fundamental.

Resumo

O presente estudo visa uma breve análise de alguns aspectos da vida do pintor holandês, Vincent Van Gogh, a partir da Psicopatologia Fundamental. A Psicopatologia Fundamental aborda a noção grega de pathos, que considera que há um discurso sobre o sofrimento psíquico, que apontam para além das classificações simplistas sobre o pathos. Tal conceito compreende que o pathos é algo essencialmente humano, considerando a organização psíquica do sujeito como particular, singular e única. Por meio desse olhar em que se considera a singularidade e dos estudos já realizados, foi possível elaborar a construção hipotética da psicose enquanto estrutura psíquica de Van Gogh, vale ressaltar que é uma construção hipotética porque é baseada nas biografias do artista e não em sua própria fala. Utilizou-se como base para sustentar a hipótese, as cartas escritas pelo próprio Vincent, a teoria psicanalítica freudiana e lacaniana, assim como alguns autores que estudaram a biografia do artista e tecerão algumas hipóteses em relação a sua estrutura psíquica, como: Yacubian, Naifeh e Smith. Para Lacan (1955-1956/1992) na estrutura psicótica não há a inscrição do significante nome-do-pai, que possibilita uma ordenação simbólica, assim como, o mecanismo de defesa que ocorre diante à castração é a foraclusão, diferente do recalcamento como ocorre nas neuroses que sabe algo da castração, mas defende-se não querendo saber. Os significantes que ficam foracluídos não passam pelo processo de reestabelecimento ao inconsciente através do simbólico, portanto chegam diretamente ao real, onde pode-se encontrar o fenômeno alucinatório. Van Gogh tivera suas primeiras crises após ser rejeitado duas vezes, por moças diferentes. Em uma das situações Vincent ateara fogo em suas próprias mãos, em outro momento, o pintor corta o lóbulo de sua orelha e o entrega para Rachel, uma estimada amiga. A psicanálise lacaniana (LACET, 2004) aponta que o psicótico como objeto de gozo do Outro, está em posição de preencher aquilo que falta ao Outro no real, fazendo oferenda de si, não de maneira simbólica, e sim de uma oferenda real, podendo realizar mutilações, autoflagelamento e até mesmo suicídio. Vincent não fora rejeitado apenas pelas moças por quem tivera interesse, sua primeira recusa partiu de sua mãe, que insistia em trocá-lo pelo irmão já falecido que carregava o mesmo nome: Vincent Van Gogh. Pode-se ler a partir do referencial psicanalítico, que havia em Van Gogh uma soma de excitação que transbordava e que Vincent da sua maneira tentava elaborar, ora circunscrevendo o corpo pela automutilação, ora trabalhando em suas obras, entendendo-se então que foi através desses atos que Vincent tentava encontrar uma maneira de estabelecer uma relação com o Outro. A análise de Van Gogh e de seu pathos só é possível de realizar entendendo a sua experiência como saída singular que este encontra diante do Outro e da linguagem, que é a premissa básica da Psicopatologia Fundamental e também da Psicanálise.
Publicado
2019-08-20
Seção
Psicologia