O ESPAÇO FÍLMICO DE BUENOS AIRES EM MEDIANERAS

  • Aline VAZ
Palavras-chave: cinema argentino, olhares, paisagem, espaço, cidade

Resumo

O cinema funciona como espaço de estudo de representações de ditas realidades que transpõem para a tela um espaço relacional entre personagens e mise en scène, mise en scène e espectador. O presente trabalho busca reflexões a respeito do espaço fílmico habitado, por meio dos olhares dos personagens, Martin e Mariana, no filme argentino Medianeras - Buenos Aires na Era do Amor Virtual (Gustavo Taretto; 2011). À moda de Milton Santos (1998) que evidencia a relação da sociedade com o objeto, procura-se analisar como as varandas e janelas constituem o mundo entre o interno e externo. Considera-se que compreender e possuir a paisagem é saber olhar para um mundo de janelas abertas, olhar e ser olhado (Didi-Huberman; 2010), constituindo a fratura do olhar (Greimas; 2002). Na relação do espaço apropriado com o lugar praticado propõe-se ler e interpretar imagens, por meio de frames, que ao transpor para a tela o olhar do personagem e do espectador (câmera subjetiva e “câmera-olho”), representam uma Buenos Aires fílmica que ora abriga, ora oprime seus personagens, dentro de janelas que mediam os olhares no filme em análise. Pressupõe-se que a interação entre enquadramentos e imagens cria vínculos e permite um salto na cidade, um mergulho em experiências vividas e compartilhadas. Olhamos da janela do cinema para a janela de uma Buenos Aires selecionada por seus personagens, que ao olhar para a paisagem enquadrada, vivenciam experiências, habitando um espaço fílmico.