Interações medicamentosas no tratamento com tamoxifeno em pacientes com câncer de mama

  • Andreia Paula Lubas da Silva Centro Universitário Autônomo do Brasil - UNIBRASIL
  • Beatriz Mocelin Centro Universitário Autônomo do Brasil - UNIBRASIL
  • Silvia Dark Robaskievicz de Moraes Centro Universitário Autônomo do Brasil - UNIBRASIL
  • Jeanine Marie Nardin Centro Universitário Autônomo do Brasil - UNIBRASIL
Palavras-chave: Câncer, Tamoxifeno, Interações.

Resumo

Nas últimas décadas ocorreu expressivo aumento da incidência e mortalidade do câncer de mama em todo o mundo. No momento já foram identificados cinco subtipos moleculares deste câncer, dentre esses os positivos para receptor de estrogênio ou também chamados hormônio-dependentes, onde é terapeuticamente padronizado para seu tratamento a hormonioterapia antiestrogênica com o medicamento tamoxifeno. O tamoxifeno é um modulador seletivo dos receptores estrogênicos e seu mecanismo de ação deve-se à uma inibição competitiva do receptor de estrogênio, o que leva a um bloqueio sobre a proliferação celular e controle sobre recidiva da doença. O tamoxifeno é um pró-fármaco dependente da subunidade CYP2D6 do citocromo P450 para sua biotransformação e geração de metabólitos ativos, o que pode ser influenciado por medicamentos, que quando administrados concomitantemente, podendo anular ou intensificar seus efeitos. O objetivo do presente projeto foi identificar em pacientes com câncer de mama possíveis interações medicamentosas entre o tamoxifeno e outros medicamentos com uso concomitante. O estudo ocorreu com 134 mulheres recém diagnosticadas com câncer de mama de um Hospital Oncológico de Curitiba, onde estas foram submetidas a um questionário onde avaliou-se por um ano o uso do tamoxifeno em conjunto com outros medicamentos, a partir do início do tratamento. No período de 12 meses, verificou-se que 74,62% das pacientes estudadas faziam algum tratamento concomitante no momento da coleta dos dados. Foram classificados 207 fármacos e estes agrupados a sua classe farmacológica. Com base na literatura obteve-se que do total de medicamentos em uso pelas pacientes 40,1% destes realizavam algum tipo de interação medicamentosa com o tamoxifeno. Dentre essas interações foram classifica-las em inibidoras e indutoras da enzima CYP2D6. Verificou-se que dentre os inibidores 9,17% eram anti-hipertensivos, 8,2% antidepressivos, 6,3% antiúcerosos, 4,8% analgésicos opióides. A problemática desse tipo de interação é a possível inibição do metabólito mais ativo do tamoxifeno, o endoxifeno, o que pode resultar na diminuição da efetividade da terapia e aumentar os riscos de reincidência. Já dentro dos indutores, o principal grupo encontrado foram os anti-inflamatórios com 6,3% e em menor porcentagem os antifúngicos. Essa interação apesar de elevar os níveis de endoxifeno no sangue, traz consigo um aumento significativo dos efeitos colaterais associados ao medicamento, que pode trazer dificuldade para adesão a terapia dessas pacientes. Conclui-se que o tamoxifeno apesar de importante no tratamento do câncer de mama, o uso concomitante de outros medicamentos deve ser realizado de forma criteriosa, afim de se evitar possíveis interações medicamentosas que podem alterar o desfecho da resposta ao tratamento farmacológico.
Publicado
2018-02-26