KAKANÉ – PORÃ: FRUTO BOM DA TERRA

  • Angélica Pimenta Jacinto UniBrasil Centro Universitário
Palavras-chave: Jornalismo, indígenas, urbano, kakané - porã

Resumo

O presente estudo tem como objetivo, tratar sobre como Kakané – Porã, a primeira aldeia indígena urbana do sul do Brasil, mantém a cultura em meio à uma área muito próxima a cidade e aos costumes “brancos”, quais costumes indígenas ainda são preservados.

Em entrevista com o Cacique da aldeia, Carlos Alberto Luis dos Santos, Kakané – Porã foi instalada oficialmente aos moradores no dia 8 de dezembro de 2008. O nome da aldeia significa “fruto bom da terra”, é a mistura de duas palavras, uma em Kaigangue e outra em Guarani que são as duas etnias que vivem na aldeia.

Segundo matéria divulgada pelo jornal Gazeta do Povo, os conflitos entre o poder público e os “índios do asfalto” na cidade remontam à década de 70, quando se teve indício de que uma comunidade multiétnica se formava nas barbas de Curitiba. Eram indígenas saídos de reservas como a de Mangueirinha, hoje com 2,7 mil moradores, em busca de melhores dias num grande centro. Não por menos, os “filhos da terra” acabaram se confundindo com os moradores da periferia, hoje um exército de 200 mil sem-teto. O agravante era que quanto mais integrados aos costumes metropolitanos, mais se distanciavam de suas origens.

Ainda segundo notícia divulgada pelo jornal Gazeta do Povo[1], há 16 anos atrás, indígenas provenientes da aldeia de Mangueirinha - PR que estavam em situação de vulnerabilidade, na comunidade conhecida como Aldeia Velha, instalada numa das margens da BR-277, se rebelou e decidiu ocupar uma área de proteção ambiental, a APA do Cambuí, com 28 alqueires. Mata fechada, às margens do Rio Iguaçu e avizinhada do Bolsão Audi-União – o local é impróprio para moradia e não permite nenhuma espécie de cultivo, como o milho. Mas ficar ali era uma estratégia para fazer avançar um debate que parecia não empolgar nem antropólogos das universidades – o direito dos índios à cidade.

De acordo com dados da Funai, 345 mil índios vivem em reservas e 150 mil dispersos nos centros urbanos. As aldeias instaladas em Campo Grande, Manaus ou em São Paulo rapidamente foram engolidas pelas periferias violentas e carentes de infraestrutura. O projeto de Campo de Santana é resultado de rodadas de negociação entre as lideranças do Cambuí e as da Cohab-CT.

A aldeia de 44 mil metros quadrados, 9 mil metros quadrados de bosque, área para cultivo e reflorestamento. As moradias – de 43 metros quadrados e dispostas em forma de taba – não dispõem de cerca divisória e contam com varanda para que ali os moradores possam fabricar artesanato, fonte de sustento de 90% dos habitantes. Em pesquisa da Cohab-CT apenas 16,36% dos indígenas têm trabalho regular. O artesanato acaba sendo uma forma de convivência urbana possível, além de uma atividade na qual o índio é aceito. O projeto da Kakané – Porã custou R$ 800 mil custeado pela prefeitura de Curitiba. Segundo o cacique Carlos Alberto Luiz dos Santos (carlos kejar em Kaingangue), na aldeia são 35 famílias, aproximadamente 210 pessoas. Kejar conta que na aldeia não tem escola, as crianças e adolescentes da aldeia estudam nas escolas públicas da região e no contra turno, duas vezes na semana há aulas de língua e cultura kaigangue para as crianças em uma oca construída para isto dentro da aldeia com a professora Rosana Salete Rodrigues, moradora local responsável por ministrar aulas do idioma nativo para as 63 crianças da comunidade.


[1] https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/curitiba-reencontra-raizes-indias-em-kakane-pora-bbismutlg2zf1t1bqkfvtqki6/

Publicado
2019-08-20
Seção
Jornalismo