(A)PHANTASIA A MENTE QUE NÃO VÊ: Linguagem, Imagem, Memória e o Funcionamento Psíquico
Resumo
As imagens mentais possuem um papel importante no desenvolvimento do ser humano, estão relacionadas com a memorização, aprendizagem e sociabilização. Cerca de 2,5% da população mundial possui uma disfunção denominada de Aphantasia Congênita, sendo uma incapacidade de visualizar, recordar e criar imagens mentais sem a presença do objeto. Esse fenômeno, sucede-se em indivíduos que possuem suas habilidades descritivas preservadas, mas que não detêm a capacidade de visualizar a vivacidade de uma imagem mental, ou seja, Aphantasia é a falta de metacognição, contendo falhas na introspecção da imagem. A função do processo psicoterapêutico é de grande importância para a elaboração de quem habita o campo do sofrer, então, este estudo passa a ter uma alta relevância, instrumentalizando positivamente o psicólogo sobre esta disfunção, tornando um fator significativo que pode justificar a involução e até mesmo a interrupção da análise por parte de alguns indivíduos. O objetivo deste trabalho foi realizar uma investigação acerca das teorias biológicas e psicológicas, relacionando com o manejo do processo psicanalítico com indivíduos que são atravessados pela mente cega. A Aphantasia é considerada até o momento como uma condição neurológica, podendo estar relacionada a possíveis dificuldades de simbolização das fantasias, pois esta disfunção se mostra como um bloqueio, não permitindo a passagem das memórias visuais, ou seja, não permite que algo se mostre, mesmo que o seu registro ainda exista. Acrescenta-se ainda, a possível correlação de suas semelhanças funcionais neurológicas com os mecanismos de repressão para a psicanálise freudiana, pois, para a mesma, fantasiar é o caminho que aponta para a pulsão do inconsciente, ou seja, se Aphantasia é o contrário de Phantasia, então conjectura-se que quem possui esta disfunção tenha dificuldades de ressignificação do sintoma pela via da associação livre. Conclui-se, que diante da complexidade deste estudo obteve-se abertura para novas perguntas acerca do tema, possibilitando a uma continuidade desta pesquisa, indo em busca de fatores que apontem para respostas mais precisas, motivando para uma desmistificação sobre a função da Aphantasia na subjetividade humana diante dos mecanismos da psique.