A CLINICA PSICANALITICA NO CAPS AD: TECENDO REDES

  • Junior Bahnert Unibrasil Centro Universitário
Palavras-chave: Palavras-chave, Psicanálise, Saúde mental, Usuário, Drogas, Políticas Públicas, Pesquisa.

Resumo

Segundo Goes (2013) o termo dependência química é de um suposto saber médico, que faz uma classificação diagnóstica sobre o comportamento e sobre o consumo das diversas substancias que agem diretamente no SNC (Sistema Nervoso Central). Assim o remédio aparece como principal, se não única, forma de tratamento, fazendo a substituição do ilícito para o licito. Carl Hart (2014) afirma que em pesquisas cientificas, muitos pesquisadores são mal intencionados e tendem a revelar o preconceito em forma de alterações estatísticas ou aumentando significativamente os efeitos prejudiciais que as drogas podem causar ao cérebro. O artigo procura analisar alguns desafios encontrados no processo de atendimento aos usuários e como é feito a reinserção social, o que justifica este estudo. Com base no supracitado, este trabalho tem por objetivo analisar como as praticas profissionais não reinventadas, prejudicam os usuários e agravam ainda mais o sofrimento existente. De acordo com Passos e Souza[1] (2011 apud GOES, 2013) durante o século XX a principal maneira de tratamento para dependentes químicos era da ordem moral, educativo e disciplinador. Esses três fatores foram propulsores do surgimento da guerra contra as drogas, do qual ações acabaram por prejudicar ainda mais os usuários e a possibilidade de melhora nem entrava em cogitação. Oliveira e Dorneles (2005) ao se trabalhar no CAPS e principalmente em uma equipe multidisciplinar, pouco se faz necessário à aplicação de práticas e saberes, mas a possibilidade de acolhimento, vinculo e a existência de um dialogo que se diferencia do monologo, a fim de estabelecer um estratégia terapêutica em que o sujeito tenha espaço para produzir subjetividade, o saber parte dele, das suas experiências e historias, da sua narrativa, do seu desejo, mesmo que as condições físicas não estejam das melhores. Goes (2013) afirma que a ética da psicanálise está intrinsecamente ligada ao CAPS, já que propicia ao sujeito a possibilidade de falar em sua alteridade, das suas questões e de seu sofrimento. Como considerações, Freud (1930) pontua que é necessário pensar o uso das drogas não como destruição da vida, mas como alguém que quer suportar a existência, e é na fala do sujeito ao analista que se revela que essa tentativa é a cura pelo mal. As formas e os caminhos de cada um são construídos no caso a caso, não sendo possível uma verdade absoluta ou um saber apriori sobre o sujeito que ali se encontra em sofrimento; diante desses impasses oferecer ao sujeito espaço para que este possa produzir subjetividade, encontrando outros recursos de satisfação que não se limitem somente a drogadição.

[1] Passos, E. H.; Souza, T. P (2011). Redução de danos e saúde pública: construções alternativas à política global de “guerra às drogas”. Psicologia  & Sociedade, n. 23, p. 154 – 162.

Publicado
2020-01-22
Seção
Psicologia