A A aquisição da linguagem e sua relação com a construção da identidade infantil

  • Talita Regina dos Santos Ferreira Unibrasil
  • Dulce Mara Gaio Unibrasil
Palavras-chave: O processo de apropriação da linguagem é um dos pilares que promove a interação entre o sujeito e o seu grupo social. Esse processo começa a se estabelecer desde o início da vida por meio das manifestações ainda não verbais como o choro, os sorrisos, os gestos, os olhares entre outras possibilidades que as crianças apresentam desde sua inserção cultural. Compreender as especificidades dos processos de aquisição da linguagem se faz importante, pois contribui significativamente para o entendimento das formas pelas quais as crianças desenvolvem suas habilidades comunicativas, possibilitando o estímulo de tais habilidades e contribuindo para o desenvolvimento da própria criança. Nesse sentido, o presente trabalho pretende possibilitar uma reflexão, por meio de uma revisão bibliográfica, acerca do desenvolvimento da linguagem na criança e a relação dessa com a construção da identidade infantil, uma vez que a linguagem é um processo social que possibilita a comunicação entre os pares sendo fundamental para a constituição do sujeito. Estudos de teóricos como Piaget, Vygotsky e Wallon são fundamentais para compreender o caráter interacionista da linguagem, na medida em que afirmam que a interação possibilita a internalização de símbolos e signos que constituirão significados e significantes, fundamentais para a apropriação da linguagem enquanto instrumento social e, consequentemente, para a construção da identidade. A partir da apropriação do sistema cultural a criança percebe as diferenças e semelhanças entre si e o outro e dessa forma ganha maior autonomia de pensamento, reconhece e se apropria de sua identidade, dá significado às suas experiências e compartilha tais significados, relacionando-os à cultura, e sente-se pertencente a um determinado grupo. Como citado anteriormente, esse reconhecimento da identidade permite a atuação da criança no contexto cultural e social no qual está inserida, por meio da expressão de seus desejos e vontades, possibilitando que tais experiências sejam significadas por meio da linguagem e da interação. É o processo de interação que permite à criança diferenciar-se do outro, sendo responsável também por dar significado às concepções linguísticas infantis. Portanto, o processo de aquisição da linguagem se relaciona diretamente com a construção da identidade e ambos processos permitem que a criança estabeleça uma relação de interação com seu contexto de forma que se aproprie do saber historicamente acumulado pela cultura de sua comunidade. Nesse sentido, é importante reconhecer que tais processos são mediados pela comunidade em que a criança se insere, a fim de colaborar para a valorização das manifestações culturais de cada sociedade, oportunizando o reconhecimento das diversas possibilidades de desenvolvimento infantil. Palavras-chave: Linguagem; Interação; Identidade; Infância.

Resumo

O processo de apropriação da linguagem é um dos pilares que promove a interação entre o sujeito e o seu grupo social. Esse processo começa a se estabelecer desde o início da vida por meio das manifestações ainda não verbais como o choro, os sorrisos, os gestos, os olhares entre outras possibilidades que as crianças apresentam desde sua inserção cultural. Compreender as especificidades dos processos de aquisição da linguagem se faz importante, pois contribui significativamente para o entendimento das formas pelas quais as crianças desenvolvem suas habilidades comunicativas, possibilitando o estímulo de tais habilidades e contribuindo para o desenvolvimento da própria criança. Nesse sentido, o presente trabalho pretende possibilitar uma reflexão, por meio de uma revisão bibliográfica, acerca do desenvolvimento da linguagem na criança e a relação dessa com a construção da identidade infantil, uma vez que a linguagem é um processo social que possibilita a comunicação entre os pares sendo fundamental para a constituição do sujeito. Estudos de teóricos como Piaget, Vygotsky e Wallon são fundamentais para compreender o caráter interacionista da linguagem, na medida em que afirmam que a interação possibilita a internalização de símbolos e signos que constituirão significados e significantes, fundamentais para a apropriação da linguagem enquanto instrumento social e, consequentemente, para a construção da identidade. A partir da apropriação do sistema cultural a criança percebe as diferenças e semelhanças entre si e o outro e dessa forma ganha maior autonomia de pensamento, reconhece e se apropria de sua identidade, dá significado às suas experiências e compartilha tais significados, relacionando-os à cultura, e sente-se pertencente a um determinado grupo. Como citado anteriormente, esse reconhecimento da identidade permite a atuação da criança no contexto cultural e social no qual está inserida, por meio da expressão de seus desejos e vontades, possibilitando que tais experiências sejam significadas por meio da linguagem e da interação. É o processo de interação que permite à criança diferenciar-se do outro, sendo responsável também por dar significado às concepções linguísticas infantis.  Portanto, o processo de aquisição da linguagem se relaciona diretamente com a construção da identidade e ambos processos permitem que a criança estabeleça uma relação de interação com seu contexto de forma que se aproprie do saber historicamente acumulado pela cultura de sua comunidade. Nesse sentido, é importante reconhecer que tais processos são mediados pela comunidade em que a criança se insere, a fim de colaborar para a valorização das manifestações culturais de cada sociedade, oportunizando o reconhecimento das diversas possibilidades de desenvolvimento infantil.

Biografia do Autor

Talita Regina dos Santos Ferreira, Unibrasil
Professora de ensino Fundamental Pós graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional Estudante do curso de Psicologia do Unibrasil
Dulce Mara Gaio, Unibrasil

Psicanalista. Licenciatura (1975) e Graduação (1976) em Psicologia pela Universidade Católica do Paraná, Especialista em Psicologia Clínica pelo CFP (2001), Especialização em Filosofia e Psicanálise (2003) e Mestrado em Filosofia Contemporânea (2007) pela Universidade Federal do Paraná. Experiência no magistério do ensino superior e em supervisão de estágio, a profissionais e serviços de saúde, no Sistema Penitenciário e em Hospital Psiquiátrico/Clínica Psicossocial. Atual docente do UniBrasil-Ctba e supervisora clínico-institucional do CAPS III, CAPS II e SOIS em Joinville.

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Publicado
2021-06-11
Seção
Psicologia