BIG DATA E A QUALIDADE DA DEMOCRACIA

  • Wagner Luiz Zaclikevis
Palavras-chave: big data, algoritmos, democracia.

Resumo

O avanço tecnológico alterou a forma como nos comunicamos, como vivemos e como tomamos decisões. Com o advento das redes sociais se tornou possível a comunicação instantânea entre os indivíduos, acompanhado de imagem e som, dando voz a todos. Se antes as mídias tradicionais como rádio, televisão e jornal impresso detinham o monopólio da informação, hoje a informação é passada por qualquer um que tenha acesso à internet. Isso permitiu a mobilização de pessoas em torno dos mais variados temas, uma vez que encontram no espaço cibernético grupos que compartilham das mesmas ideias. Por meio de algoritmos que buscam perfis e dados, aliados a análise psicométrica dessas informações, as redes sociais conseguem direcionar as informações aos usuários. Esse cenário alterou a forma de consumo, de tomada de decisões e por consequência, como se planeja e estrutura uma campanha eleitoral, uma vez que agora toda informação pode ser direcionada. Se de um lado se vê o aumento do campo de informação, do outro, o aumento da intolerância e dos conflitos, pois afinal, deixa-se de ter acesso às opiniões contrárias. Por trás disso tudo se encontra o big data, bases de dados incalculáveis que após um sistema de processamento molda as informações que chegarão aos indivíduos. Não é algo futurístico, é o presente. Nessa sociedade de big data, como se comporta a democracia? A mesma estaria fadada a meros golpes de marketing programados por meio da análise de dados? É nesse contexto que se desenvolve o presente trabalho. Por meio de uma revisão bibliográfica, verifica-se o funcionamento do do big data e como ele se desenvolve em nossa sociedade atual. Em um exemplo aprofundado, traz-se como esse método de análise de dados interferiu na eleição dos Estados Unidos em 2016, que consagrou Donald Trump como presidente, a partir da criação de uma mobilização via redes sociais em prol de sua candidatura e desincentivando o voto de grupos que não lhe era favoráveis. Em que pese a coleta de dados e a divulgação moldada de informações não ser algo novo em nossa sociedade, jamais isso ocorreu em tão larga escola e com tamanha capacidade de individualização dos receptores das mensagens, o que nos pode levar a um olhar pessimista sobre tal fato. De outro vértice, há uma visão otimista, analisando o posicionamento de autores que trazem a capacidade do fortalecimento da democracia, com a introdução de instrumentos que permitam o diálogo do povo em si de forma direta com a administração ou mesmo por meio de movimentos sociais representativos. Não há meios para frear o desenvolvimento da internet, cabe agora aprender utilizá-la de forma a aprimorar os mecanismos de participação popular.

Biografia do Autor

Wagner Luiz Zaclikevis
Mestrando em Direitos Fundamentais e Democracia do Centro Universitário Autônomo do Brasil – Unibrasil. Pós-graduado em Direito Eleitoral pela Universidade Positivo. Pós-graduado em Direito Administrativo pelo Instituto de Direito Romeu Felipe Bacellar. Presidente da Comissão de Direito Eleitoral da Subseção de São José dos Pinhais – OAB/PR.
Publicado
2020-01-22