O Coringa - Uma análise do personagem Arthur Fleck pela Bioenergética

  • Amanda Pagani Centro Universitário Autônomo do Brasil - Unibrasil
  • Cristian Guilherme Valeski de Alencar UniBrasil
Palavras-chave: Arthur Fleck, Lowen, Coringa, Bioenergética

Resumo

O corpo, com o passar de seu desenvolvimento e experiências, vai adquirindo couraças, mecanismos de defesa criados para a proteção perante potenciais ameaças à sua personalidade, como trazido por Lowen em Bioenergética.  Quando a pessoa se desenvolve de uma forma saudável, sem limitações e traumas, ela terá sua personalidade livre de conflitos e integrada, chamada de caráter genital. Ao ocorrer alguma repressão ou trauma, isso levará a uma limitação no indivíduo, fazendo com que este entre em conflito, interferindo na formação de uma personalidade saudável. No personagem Arthur Fleck, atuado por Joaquin Phoenix, do filme Coringa (2019), dirigido por Todd Phillips, pode-se perceber que ocorreu este conflito durante a formação do seu caráter na infância, tendo ocorrido devido ao ambiente hostil, aos maus tratos passados por ele no ambiente familiar e escolar e a rejeição sofrida desde o início da sua vida, tornando-o um adulto sem senso de si adequado, com sentimentos reduzidos, pouco contato com seu corpo, trazendo uma expressão facial fria, estas sendo algumas das características do caráter esquizoide. Este trabalho teve como objetivo trazer um entendimento a respeito da formação do caráter e das couraças do personagem Arthur Fleck, buscando apresentar uma compreensão quanto às suas ações. A metodologia utilizada foi descritiva com análise bibliográfica qualitativa, utilizando da Bioenergética como base para os estudos. A análise sobre este tema justifica-se, pois poderá permitir que ocorra uma aproximação desse fictício com o real, colocando o lado psicológico trazido no filme à uma possível realidade, juntamente com a escassez de publicações relacionadas a este assunto pela Bioenergética. Conclui-se que ao sofrer diversas repressões e agressões, a forma de libertação encontrada por Arthur foi realizando a criação do Coringa, como uma forma de externalizar suas frustrações e repressões ocorridas e permanecidas desde sua infância à vida adulta. Através de uma explosão de sua carga energética interna que estava contida, essa sendo quanto ao acúmulo de toda sua raiva e frustração que sempre foram reprimidas, irrompe de forma violenta durante a cena na qual Arthur sofre violência física no metrô, e por consequência ele causa a morte de seus agressores realizando disparos com uma arma de fogo. Essa energia que surge de uma forma que ele não consegue controlar ou manipular leva-o a cisão de sua personalidade, eclodindo num quadro clínico compatível com esquizofrenia, e assim, a externalização do Coringa.

 

Referências

LOWEN, Alexander. Bioenergética. 2ª edição. São Paulo: Summus, 1982.
Publicado
2021-11-19
Seção
Psicologia