COMPLEXO CULTURAL: AS VOZES DE UM TRAUMA INTERGERACIONAL BRASILEIRO ATRAVÉS DO DISCURSO IDEOLÓGICO POLÍTICO

Resumo

Neste estudo, buscou-se correlacionar o conceito de Complexo Cultural com o discurso ideológico político vigente, a fim de lançar luz sobre os conflitos e as representações que estão envolvendo grande parte da sociedade brasileira, seja com seus representantes políticos ou com o Estado de forma geral. Nessa pesquisa, utilizou-se o conceito de Complexo Cultural com base nos pressupostos de Thomas Singer e Samuel Kimbles. Eles apontaram que o Complexo Cultural atua no nível do Inconsciente Cultural, organizando as crenças e as emoções coletivas e mediando as relações do indivíduo com o grupo a que pertence, ou seja, a nação ou uma cultura específica. Assim, os complexos culturais estabelecem um vínculo entre as experiências pessoais e as expectativas do grupo. O conceito de Inconsciente Cultural foi cunhado por Joseph Henderson e trata-se de uma área da memória histórica que se encontra entre o Inconsciente Coletivo e o padrão manifesto da cultura. Pode incluir ambas as modalidades, conscientes e inconscientes, mas tem algum tipo de identidade decorrente dos arquétipos do inconsciente coletivo, que auxilia na formação do mito e do ritual e também promove o processo de desenvolvimento nos indivíduos. O conceito de arquétipo foi cunhado por Carl Gustav Jung como sendo conteúdos do inconsciente coletivo que atuam na psique como predisposições para a manifestação de um conjunto de fenômenos afetivos, imagéticos e míticos que se comportam como uma tendência à repetição de experiências semelhantes. Correlacionar essa temática tornou-se relevante porque os conflitos sociais brasileiros que envolvem questões relacionadas com ideologias políticas se tornaram expressivos nos últimos anos. O intuito desse estudo foi mensurar quais os arquétipos que foram envolvidos no desenvolvimento de um trauma na alma brasileira a partir da colonização portuguesa e que permanecem sendo constelados através dos discursos ideológicos políticos, e se realmente se transformaram em um Complexo Cultural Brasileiro. Para tanto, utilizou-se o método sintético-hermenêutico de Carl Gustav Jung aplicado aos discursos de alguns políticos tidos como porta-vozes de alguns grupos sociais. Nessa análise, foram encontradas algumas relações em que aparecem os arquétipos do masculino, paterno, feminino e o materno como fenômenos envolvidos no trauma brasileiro deflagrado no período da colonização brasileira. Por fim, concluiu-se que há uma construção histórica traumática com o início pautado por uma relação destruidora pelo arquétipo masculino, paterno, feminino e materno, mantido através do percurso intergeracional e que se transformou em um Complexo Cultural brasileiro projetado no discurso ideológico político pelos grupos sociais e, consequentemente, pelos seus representantes.