PSICOLOGIA BILÍNGUE: ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS QUE ATENDEM OS SURDOS EM CURITIBAPR.

  • Sandra Korndorfer Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil
  • Loivo Mallmann Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil
Palavras-chave: Atendimento psicoterapêutico; Comunidade surda; Inclusão; Língua Brasileira de Sinais; Surdez.

Resumo

Há muito tempo, houve a exclusão de pessoas com deficiência da sociedade sem acesso aos seus direitos. Hoje em dia, mesmo com leis estabelecidas, muitas ainda não têm acesso a saúde e a educação, especificamente, as pessoas surdas e/ou pessoas com deficiência auditiva. Em Curitiba/PR, foi possível observar a carência de profissionais psicólogos capacitados para atender essas pessoas na Língua Brasileira de Sinais (Libras).  Por esse motivo, esta pesquisa visa analisar como ocorrem os processos de atendimento psicológico às pessoas surdas na cidade de Curitiba/PR. Para esse fim, os objetivos específicos da pesquisa se constituem em: refletir sobre a formação de psicólogos que atendem surdos; pesquisar sobre o uso da Libras e as adequações que os psicólogos clínicos fazem para atender os surdos; e, identificar possibilidades e limites que as abordagens psicológicas oferecem para o atendimento clínico de surdos. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro Universitário Autônomo do Brasil (UniBrasil). Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, realizada após a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a assinatura do documento. Posteriormente os dados coletados foram submetidos à análise de conteúdo. Foram entrevistados 5 psicólogos (as) atuantes na cidade de Curitiba, com mais de 3 anos de atuação, que utilizam das abordagens Sistêmica, Psicanalítica e Junguiana. Para a realização deste processo definiu-se como corpus de análise as seguintes categorias: Psicologia clínica e Surdez; Libras na formação do psicólogo; Reflexões sobre o intérprete de Libras no setting terapêutico; As abordagens no atendimento a surdos: técnicas e adaptações; Queixas e demandas de surdos na clínica; Desafios no atendimento clínico com o surdo. A pesquisa permitiu identificar que todos os entrevistados têm contato frequente e participação ativa dentro da comunidade surda. Contudo, a maioria destes, não teve [in]formação sobre a temática na graduação do curso de Psicologia. Ressalta-se que a presença do intérprete na clínica é constrangedora para alguns surdos, uma vez que a confidencialidade da fala do cliente/paciente passará pelo intérprete antes de chegar ao psicoterapeuta, o que pode criar uma possibilidade da descontinuidade no atendimento. Além da fluência na língua de sinais, outro ponto destacado como essencial para um atendimento psicoterápico de qualidade, é conhecer a cultura surda, uma vez que uma das principais queixas e desafios na clínica é a comunicação com o sujeito surdo. Buscou-se com este estudo refletir e discutir sobre a população surda e a Psicologia por meio da identificação de aspectos relacionados a atendimentos psicoterápicos de pessoas surdas, ampliando assim o debate sobre este importante tema.

Biografia do Autor

Sandra Korndorfer, Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil

Graduanda de Psicologia do Centro Universitário Autônomo do Brasil (UNIBRASIL – Curitiba – PR).

Loivo Mallmann, Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil

Mestre em Teologia Moral pela Universidad Pontifícia Comillas (UPCO-Madri), licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), graduado em Filosofia e Teologia pela Faculdade dos Jesuítas (FAJE-Belo Horizonte - MG) e graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professor colaborador do Centro Universitário Autônomo do Brasil (UNIBRASIL – Curitiba - PR).

Referências

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Publicado
2021-06-11
Seção
Psicologia