MELANCOLIA E FEMINILIDADE: CONEXÕES COM O FILME ANTICRISTO

Resumo

Este artigo é o resultado do trabalho de Iniciação Científica realizado ao longo deste ano. A pesquisa teve como objetivo articular o texto “Luto e melancolia”, de Freud, a algumas cenas do filme “O anticristo”, dirigido por Lars Von Trier. O filme trata da história do sofrimento de uma mulher que perde seu filho em um trágico acidente. É a partir da morte de seu filho, que a mãe (interpretada por Charlotte Gainsburg), começa a demonstrar características que, ao longo dessa pesquisa, são lidas como traços melancólicos. Freud (1917), diz que a melancolia, assim como o luto, é caracterizada por abatimento e desinteresse pelo mundo exterior. Entretanto, diferencia a melancolia do luto pela perda da capacidade de amar, diminuição de autoestima e inibição de qualquer atividade. Na melancolia, diferentemente do luto, o indivíduo se expressa em recriminações e ofensas à própria pessoa, podendo chegar a delírios de expectativas de punição. Para Freud (1917), esse estado de melancolia é algo enigmático, pois não se consegue ver a perda objetal que absorve o indivíduo. Trata-se de um filme bastante complexo e polêmico, portanto, o objetivo da pesquisa, longe de fazer interpretações ou diagnósticos, foi de articular algumas cenas do filme à construção que Freud faz da melancolia. Para tal, se fez necessário o estudo da construção da feminilidade e do narcisismo, a fim de entender a que tipo de perda o melancólico se refere. Optou-se por uma articulação entre a arte e a psicanálise para tal trabalho, visto que, em Freud, encontra-se um importante reconhecimento ao saber do artista, em uma íntima conexão com o pensamento psicanalítico.