O FUTURO DO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO ATRAVÉS DA ÓTICA DO PROFESSOR NIETZSCHE

  • Jorge Conceição
  • Tiffany Demogalski
Palavras-chave: Educação, Cultura, Ensino médio, Cultura filisteia, Nietzsche.

Resumo

Nietzsche ministrou duas palestras acerca do tema da educação [Bildung] na Universidade da Basiléia. Especialmente, na extemporânea Sobre o futuro dos nossos estabelecimentos de Ensino (1872), Ele analisa duas tendências educacionais presente no sistema de ensino alemão. A primeira tendência defende a necessidade de estender a cultura do filisteu ao maior número de pessoas possíveis e a segunda sustenta a necessidade de restringir a cultura do erudito acadêmico às elites. De acordo com Nietzsche, a escola torna-se o lugar da cultura do filisteu, que é o ensino geral e profissionalizante para todos, da cultura jornalística, que é da opinião pública, e da cultura erudito acadêmico, que é do conhecimento humanístico historicamente constituído. Neste sentido, a primeira tendência educacional, cultura filisteia, estimula precocemente nas crianças a necessidade de escolher uma profissão e a segunda, a cultura erudita, oferece ao educando a formação teórica enciclopédica. Por isso, Nietzsche acredita que a civilização alemã da sua época não tinha uma cultura e nem poderia tê-la por causa do seu sistema educacional. Constatada essa situação educacional, Nietzsche afirma que deveremos educar a primeira geração que construirá uma nova cultura, ou seja, uma cultura autêntica, na qual o homem educará a si mesmo e contra si mesmo (defender-se de si mesmo), de maneira a transformar os seus hábitos e a sua própria natureza, a fim de superar a si mesmo e a sua humanidade. A cultura autêntica implica na libertação do homem da cultura filisteia, jornalística e erudita, porque o homem será educado para a vida. A crítica de Nietzsche a cultura filisteia pode ser aplicada a nova lei do ensino médio (lei 13.415\17), porque ela obriga ao educando escolher precocemente a sua profissão ao optar por um itinerário formativo. Além disso, ela inviabiliza a ideia de uma educação humana integral (uma educação para vida), na medida que a sua função não é educar o homem para vida, mas apenas para o exercício de uma profissão. Dito isso, podemos afirmar através da crítica nietzschiana que a nova estrutura do ensino médio brasileiro não promove a construção de uma cultura autêntica, ao invés disso, ele fomenta: a cultura filisteia, que visa a formação de mão de obra para o mercado de trabalho; a cultura jornalística, que tem como função alienar e ludibriar os cidadãos; a cultura erudita que objetiva educar teoricamente apenas a elite brasileira. Por fim, o objetivo do presente trabalho é criticar a lei 13.415\17 através da ótica do professor Nietzsche.
Publicado
2018-02-27

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