CRISE: A PARTIR DE UM OLHAR SUBJETIVO

  • Cristina SERVO
Palavras-chave: estabilização, subjetividade, acompanhamento profissional

Resumo

Esse trabalho tem como objetivo, propiciar uma maior percepção e identificação da crise independentemente dos motivos desencadeantes ou os tipos diversos que encontremos. A crise é um estágio ou momento de passagem de uma situação a outra que, diante da desorganização gera desconforto, inquietação e angústia. Ações aplicadas no socorro e acompanhamento “de forma subjetiva” das pessoas acometidas, seja ela de ordem química ou psíquica, necessitam também do acompanhamento de profissionais especializados como psiquiatras e psicólogos. Corriqueiramente crise é vista como um “estado crítico” e comumente negativo, representando sempre o pior e não como uma perspectiva de mudanças onde a pessoa acometida, em meio a vivências confusionais e perturbações psíquicas do período ou momento de crise pode também ter a possibilidade de visar mudanças particularmente positivas, julgando, separando, refletindo e decidindo por algo que possa ser colocado em prática como uma nova forma de vida após o período por ela vivenciado. No que tange a estabilização percebe-se uma proposta de recuperação ou reestruturação da situação em si vivenciada, um encontro do individuo com suas próprias convicções, pois cabe somente a ele uma tomada de decisão frente as suas questões, considerando uma possibilidade da saída de uma crise, pois partindo dos pressupostos da psicologia uma situação crítica pode ser considerada como um reforçador para se buscar uma saída, promovendo processos criativos e inovadores. Diferentemente do modo pejorativo que se apresentam popularmente quando fala do sofrimento e da ânsia de libertar-se dela, nada mais é do que uma espécie de reação emocional entre o individuo e tudo o que lhe é propiciado interna ou externamente. Um período de exercício do reconhecimento de potencial próprio em planejar e tomar decisões próprias. Consideremos também que a crise é um período relativamente perigoso para o individuo, pois na angústia e na desordem de pensamentos deste período o sujeito pode fazer a passagem ao ato colocando em risco sua vida e a dos outros. Por isso a necessidade e a importância do acolhimento emergencial no eclodir da crise sintomática onde através de uma escuta diferenciada o sujeito revela ao analista através da linguagem o que para si é insuportável permitindo a ele captar a causa da ruptura que provocou a crise. Sempre pensando no amparo inicial desse sujeito em crise o acolhimento e a escuta diferenciada e subjetiva, parecem ser a forma mais efetiva na busca pela estabilização do quadro, ela abre espaço de criação de um novo modo singular do sujeito se haver com o insuportável contornando o que lhe parece ser avassalador.
Publicado
2016-05-03