Uma perspectiva sobre o conceito de sofrimento em Freud e Nietzsche

  • Jayani Cavalcante da Silva Universidade Positivo
  • Maeli Maia Alves de Santana
  • Merielen de Paula d'Oliveira
  • Ivan Luiz Monteiro
Palavras-chave: Sofrimento, Sanidade, Psicanálise, Filosofia, Freud, Nietzsche

Resumo

Pensar a relação entre filosofia e psicanálise e, mais especificamente, a relação entre Nietzsche e Freud, não é um empreendimento novo. Muitos intérpretes já tentaram com êxito tal feito, mas não sem alguma dificuldade. A pesquisa em questão tem como objetivo apresentar algumas noções do conceito de sofrimento em Freud e Nietzsche, procurando responder a seguinte pergunta: quais as semelhanças e possíveis objeções no pensamento destes dois pensadores no que diz respeito ao tema do sofrimento? Sabe-se que em Freud, a origem do sofrimento do homem civilizado se dá a partir do momento em que o mesmo entrega uma parcela da própria liberdade, impondo limites às suas pulsões, em troca de segurança. Assim, a concepção de sofrimento na teoria freudiana pode ser entendida como o antagonismo de duas forças que geram conflitos, em torno dos quais se desdobra toda a obra psicanalítica e, além disso, em torno dos quais se desdobra toda a vida do homem, visto que estes conflitos não findam, apenas mudam seu foco de tensão. Além desta realidade psíquica, estruturada pelo processo de socialização e, mais especificamente, pela castração vivenciada primariamente no Complexo de Édipo, em sua obra O mal-estar na civilização, Freud elenca três fontes do sofrimento humano em um nível corporal e social que se resumem no próprio corpo e suas limitações, o relacionamento com o outro e a força dos fenômenos naturais enquanto potencial de destruição. Dentro da perspectiva de Nietzsche o sofrimento é entendido a partir do termo “ressentimento”. O ressentimento é utilizado por Nietzsche como uma possibilidade de reviver um sentimento ou uma sensação que já fora experimentada antes, podendo ser positiva – quando se tratar de uma sensação boa – e negativa – como a renovação de um mal sofrido, ou uma injustiça acompanhada de vingança. Nietzsche caracteriza o ressentimento como um fenômeno físico e psicológico, e associa à ideia de um “auto envenenamento” por meio de sentimentos ruins como o rancor, o ódio e a inveja. Já a partir de uma abordagem social do ressentimento, o filósofo entende que a “moral do ressentimento” tem origem na fraqueza psicológica cujo início se dá a partir da sede de vingança. Após caracterizar as diferenças e semelhanças, finalizaremos nosso trabalho apresentando algumas possibilidades de superação do sofrimento nestes dois autores.
Publicado
2018-02-27

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