TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS SOB A ÓTICA DA ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO

Resumo

Este presente trabalho tem como objetivo discutir sobre os transtornos psiquiátricos sob a ótica da análise funcional do comportamento. Com frequência as pessoas recebem diagnósticos e muitas vezes não os questionam sobre tais situações, tornando-os como verdades e agindo em função disso. Este cenário é visto como problemático para análise funcional do comportamento, uma vez que as pessoas depositam tais crenças na existência de um transtorno acreditando ser algo natural e verdadeiro, consequentemente as mesmas esquivam-se para não entrar em contato com variáveis funcionais de seus comportamentos, gerando prejuízos nos padrões de comportamento habitualmente classificado como “psicopatológico”. Desta forma, a análise funcional busca identificar as relações entre ambiente e as reações e ações do organismo. Analisar o comportamento funcionalmente refere-se a uma busca da função do comportamento, e não de sua estrutura ou forma (isto é, topografia). Comportamentos da mesma topografia podem ter funções muito distintas. Desta forma, a análise do comportamento, seja qual for, deve ser funcional. Sendo improvável encontrar na estrutura do comportamento ou a sua forma, e sim na sua funcionalidade e seus determinantes. A análise funcional do comportamento posiciona-se como uma abordagem que não vê a diversidade do comportamento humano como psicopatológico ou doença. Tais fenômenos têm causas e naturezas iguais aos diversos comportamentos. Assim, pode-se dizer que todo comportamento é resultado da história do indivíduo, ou seja, um misto de mutações genéticas, experiências vivenciadas, grupo social que integra, e o transtorno psiquiátrico também são afetados por estas variáveis. Deste modo, para análise funcional do comportamento o transtorno psiquiátrico é multideterminado em suas origens e manutenção. Na perspectiva de tratar os fenômenos comportamentais, a análise do comportamento legitima a análise por contingências, enfatizando que tais comportamentos necessitam de atenção dos profissionais não por se tratar de comportamentos patológicos ou anormais, uma vez que estes comportamentos não estejam de acordo com expectativas sociais, consequentemente podem aparecer prejuízos tanto para o indivíduo que sofre e a pessoas que participam do convívio. A sociedade modela formas de comportamentos, sendo esta denominada “normal” para um convívio adequado. Porém, os transtornos psiquiátricos muitas vezes fogem destes padrões, sendo a sociedade o maior produtor coercitivo e consequentemente pune comportamentos não adaptativos ao meio social. A adaptação às questões coercitivas geralmente são padrões de fuga e esquiva que trazem prejuízos a estes indivíduos.