MULHERES, RAÇA E CLASSE: A ATUALIDADE DO LIVRO DE ANGELA DAVIS.

  • Thiago da Silva Unibrasil
  • Janaína Stocco Menon UniBrasil
  • Jéssica Bocks UniBrasil
  • William Silveira Ianoski UniBrasil
  • Andrea Maria Carneiro Lobo UniBrasil
Palavras-chave: discriminação de gênero e raça, violência contra a mulher, história

Resumo

Publicado em 1981, o livro da autora Angela Davis é um compilado de 13 textos sobre as batalhas enfrentadas pelo movimento de liberação das mulheres nos Estados Unidos da América. Amparado teoricamente no Feminismo Marxista, aborda como o sistema capitalista e patriarcal foi utilizado para oprimir e objetificar as mulheres, especialmente as negras. Aborda a luta das mulheres negras em um ambiente hostil no qual vivia-se constantemente sob o medo de violência física e sexual. Nesse contexto de horror, o surgimento da figura da Mama tornou-se um alicerce possível de sociabilidade em meio ao terror diário enfrentado pelas mulheres negras. Nos Estados Unidos, o movimento abolicionista foi impulsionado por mulheres como Sarah Grimke e sua irmã Angelina Grimke que constantemente escreviam e faziam apresentações sobre o feminismo e abolição. Davis também expõe os perigos pelo qual mulheres negras passaram para garantir que meninas negras pudessem adquirir educação, buscando negar a tese de inferioridade biológica da população negra em relação à branca e indo contra a ideologia dominante de que negros eram intelectualmente incapazes. Ao contrário do que afirmava tal ideologia, a população negra sempre buscou com impaciência feroz a oportunidade de alcançar educação. A “Primeira Convenção Nacional pelo Direito das Mulheres” trouxe a discussão sobre a aquisição do sufrágio universal por mulheres e encontrou extrema resistência: o movimento era visto como piada pela sociedade onde reinava a supremacia masculina. Sustentavam que uma mulher não deveria ter o direito de votar, já que não podiam se quer pular em uma poça sem a ajuda de um homem. A autora questiona também a possibilidade de escolha das mulheres sobre a utilização de métodos contraceptivos, e a esterilização forçada que foi imposta para evitar, segundo Guy Irving Birch, que a sociedade americana fosse completamente substituída por estrangeiros e negros através de imigração ou altas taxas de nascimento. Davis critica ainda o movimento em favor do aborto iniciado no começo dos anos 1970 por não ter tido o cuidado de examinar melhor a história do seu próprio movimento, visto que isso gerava inquietude nas mulheres negras e evitava que lutassem pela sua causa. No Brasil, o Atlas da Violência 2021, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, reportou que no ano de 2019, 66% das mulheres assassinadas no país eram negras, chamando atenção para o fato de que o risco de uma mulher negra ser vítima de homicídio é 1,7 vezes maior do que uma mulher não negra. Ainda destaca que 77% das vítimas de homicídios no país são negras, e que há uma chance de 2,6 vezes maior de um negro ser assassinado do que um não negro, resultando numa taxa de violência letal contra negros de 162% em relação aos não negros.

Publicado
2021-11-18