O TRADICIONALISMO RELIGIOSO COMO CONTRAPONTO AO PLURALISMO PROGRESSISTA NO GOVERNO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL JAIR MESSIAS BOLSONARO

  • Luiz Henrique Cruz UNIBRASIL
Palavras-chave: Tradicionalismo, política, Religião Jair Messias Bolsonaro, Olavo de Carvalho

Resumo

Introdução : O Tradicionalismo é composto por certo grupo de pessoas unidos em torno obra de Rene Guenón e seu sucessor Julius Evola. O movimento  Tradicionalista não possuiu estrutura formal, e, desde o fim da década de 1940, deixou de possuir um comando centralizado. Tem tido uma grande influência na política e de como o pensamento de Guénon estava entre as inspirações do polêmico americano,  ativista e  gerente de campanha de Trump,  Steve Bannon, de igual modo ,  Guénon e Evola estavam entre as inspirações do polêmico russo filósofo político e ativista Alexander Dugin e o controvertido filósofo político brasileiro, Olavo de Carvalho que , teve(tem) grande influência  no governo do Presidente Jair Messias Bolsonaro. O Tradicionalismo no Governo do Presidente Bolsonaro é  marcado pela crescente interferência da religião no espaço público, a partir da organização dos grupos religiosos em estruturas políticas efetivas com intuito  de aprovar medidas materiais e morais do interesse destas igrejas e de seus seguidores no intuito  de  imprimir uma marca religiosa de forma direta na esfera pública. Atualmente no Brasil, percebe-se uma  forte determinação religiosa, com pretensões de moldar a esfera pública em tensão,  tem se traduzido nos posicionamentos e distribuição dos segmentos religiosos pelas forças e correntes políticas existentes. Constata-se no governo de Bolsonaro um engajamento político de expressivas correntes religiosas brasileiras, majoritariamente evangélico-pentecostais, uma frente cristã conservadora, por seus dogmas religiosos, contribuiu decisivamente para um projeto totalizante, organizado sob uma concepção hierárquico-autoritária da família, das etnias, das classes, da produção econômica. Justificativa:  A ascensão do populismo de extrema-direita, como por exemplo, a maneira como Trump conduziu os Estados Unidos e aqui no Brasil com Bolsonaro, o Tradicionalismo ganhou espaço na política institucional.  O Tradicionalismo parece ter ajudado a avançar pautas isolacionistas, nacionalistas e antimodernas, como a negação da pandemia de covid-19. O Tradicionalismo é obrigado a resistir a tudo ao máximo que ele ( a maioria é homem) puder. É por isso que a sua encarnação política parece tão radical e que é tão difícil imaginar o Tradicionalismo operando dentro das instituições de política contemporânea. O Tradicionalismo  tende a rejeitar a modernidade e, com isso, a ideia de que a sociedade poderia progredir e melhorar significativamente. Isso normalmente significa rejeitar coisas como ciência moderna, a universidade moderna, aos movimentos políticos e o estado democrático de direito. Tende a desrespeitar as instituições os movimentos pelo progresso social e uma  sociedade plural, buscam supostamente criar um mundo melhor do que o do passado. A corrente do pluralismo jurídico no Brasil caracteriza-se por uma busca das fontes do direito não apenas nos meios convencionais aos quais a cultura jurídica estava acostumada. Trata-se de uma visão dos atores sociais como também possíveis produtores de fenômenos jurídicos. Objetivo: O objetivo é verificar do que se trata o Tradicionalismo  em que média o Tradicionalismo religioso representado por Olavo de Carvalho influencia (ou)  no  governo  de Jair Messias Bolsonoro,  atual presidente  da República Federativa do Brasil.Desenvolvimento de investigação: O Tradicionalismo é uma escola espiritual filosófica que se tornou política em alguns seguimentos. Os seguidores acreditam que a humanidade está ao fim de um longo ciclo de declínio e que vai ser concluído com destruição e renascimento. O que foi perdido neste ciclo de declínio foi o conhecimento verdadeiro da religião, posições sociais e espirituais. No lugar disso, teríamos um mundo massificado e secularizado, neste processo de modernização. Os Tradicionalistas  acreditam que é preciso haver uma suposta destruição para restaurar o que acreditam ser a verdade. Resultados As pessoas podem aderir a isso por diferentes razões, como ressentimento econômico, racismo,  contra o pluralismo, contra o socialismo, entre outros motivos, e em razão disso, oferecem uma motivação religiosa que é um elemento importante. Os tradicionalistas acham que as grandes organizações querem unificar e homogeneizar o mundo com o comunismo, ou com dominação chinesa. Os Tradicionalistas aspiram  a ser tudo que a modernidade não é comungar com o que eles acreditam serem verdades e estilos de vida transcendentes e atemporais, em vez de buscar o “progresso”. Alguns Tradicionalistas trabalham seus valores em um  sistema de pensamento que vai muito além da divisão política moderna de esquerda  ou de direita, alguns até dizem que esse sistema está além do fascismo. Consequentemente, esse sistema infundiu o pensamento de propagadores da direita   anti-migração, populistas  e nacionalistas, e o fez de maneira estranha. É anticapitalista, por exemplo, e pode ser anticristão. Condena o Estado-nação como uma construção modernista e admira aspectos do islã e do Oriente em geral. Isso tem cara de direita?. A consequência é que o Tradicionalismo acrescenta uma motivação espiritual para o que poderia ser simplesmente uma agenda política do populismo de direita.  Considerações finais: A origem e o significado do Tradicionalismo bem como sua influência religiosa especialmente dos evangélicos e católicos fundamentalistas na pauta do governo populista de direita do presidente Jair Messias Bolsonaro que contrapõe o pluralismo e o Estado democrático de Direito com a influência de  Olavo de Carvalho, que expressa desprezo à ciência, à mídia, às universidades. Existe também a visão, certo mandato espiritual que a seus olhos, a destruição é uma coisa boa. O Tradicionalismo no Governo do Presidente Bolsonaro é  marcado pela crescente interferência da religião no espaço público, a partir da organização dos grupos religiosos em estruturas políticas efetivas com intuito  de aprovar medidas materiais e morais do interesse destas igrejas e de seus seguidores no intuito  de  imprimir uma marca religiosa de forma direta na esfera pública. Atualmente no Brasil, percebe-se uma  forte determinação religiosa, com pretensões de moldar a esfera pública em tensão,  tem se traduzido nos posicionamentos e distribuição dos segmentos religiosos pelas forças e correntes políticas existentes.  Constata-se no governo de Bolsonaro um engajamento político de expressivas correntes religiosas brasileiras, majoritariamente evangélico-pentecostais, uma frente cristã conservadora, por seus dogmas religiosos, contribuiu decisivamente para um projeto totalizante, organizado sob uma concepção hierárquico-autoritária da família, das etnias, das classes, da produção econômica. O olavismo foi capaz de servir como um dos fatores que guiaram os rumos eleitorais de 2018. O olavismo não é um fenômeno cultural e político isolado no mundo. Tem parentesco e possível articulação com diversos outros fenômenos similares, como os derivados de Aleksandr Dugin, na Rússia, e Steve Bannon, nos EUA, Gábor Vona, na Hungria, dentre outros. Estes atores aqui nomeados, com viés ideológico e influência sobre a vida de seus países bastante semelhantes e mesmo integrados à figura de Olavo de Carvalho, são alguns os mentores e polemistas da nova extrema-direita. No sentido  amplo da palavra, um Tradicionalista pode não passar de um conservador. Pode ser também que prefere alguma pratica estabelecida em detrimento de algo que veio substituí-la. No campo do direito, referido projeto burguês de sociabilidade foi representado pela doutrina do monismo jurídico, segundo a qual em cada Estado há apenas um ordenamento jurídico, o ordenamento positivo estatal. Nesse sentido, o Tradicionalismo vai de encontro ao pluralismo. O pluralismo jurídico consiste em um conjunto de diferentes sistematizações, sob a forma plural, que coexistem em um mesmo espaço social e período histórico, nos quais se encontram presentes o direito estatal e também manifestações não oficiais de ordenação legal. Pluralismo é uma palavra intrínseca à noção de constitucionalismo democrático. Com exceção do período inicial do desenvolvimento das Constituições, assentado em estruturas sociais homogêneas que procuravam negar as diferenças, o constitucionalismo atual é essencialmente pluralista. O pluralismo jurídico reconhece a existência de outras ordens jurídicas dentro do mesmo espaço nacional. Ele se coloca, dessa forma, no âmbito de coexistência de diferentes formas de ordenação normativa e de regulação de conflitos sociais, estatais e não estatais, dentre as quais se pode sublinhar os regimes jurídico-normativos das sociedades tradicionais, conjunto de direitos antigos, a que se inserem as autoridades tradicionais, inseridos num grupo maior: o de direitos ocultos. Dessa forma o Tradicionalismo nega os princípios e práticas modernas: autonomias modernas, liberdade de consciência, pluralismos em geral, diálogo inter-religioso, ecumenismo, relativismo, igualdade social, direitos humanos. Todo discurso de igualdade e justiça está demarcado como comunista, venha de quem vier. O anticomunismo tem retornado, no interior das religiões que professam o cristianismo e nos discursos dos poderes autoritários hoje emergentes, como chave geral de leitura das oposições teóricas e ideológicas do que propõem como saída messiânica para a história. O comunista ainda é um monstro perigoso, pronto para destruir por completo a vida de um povo; um inimigo da nação, da Igreja e de Deus. O princípio da igualdade de direitos entre nações, grupos e indivíduos concretizados em sujeitos sociais emergentes (refugiados, migrantes, mulheres, negros, LGBTI), em políticas sociais compensatórias e de distribuição de renda, em direitos humanos, em políticas e leis de direitos de refugiados, em armação da liberdade religiosa é negado como um mal que corrói a velha unidade cristã ocidental. Portanto, valores e modelos do passado são resgatados sem escrúpulos políticos, criando cenas públicas inusitadas de retomada de governos totalitários com claro viés teocrático. O retorno às velhas seguranças constitui estratégia de enfrentamento do caos, voltando ao início: ao Estado forte que enfrenta o domínio do econômico; à nação como comunidade cultural; à família patriarcal; e a Deus como fundamento.

Biografia do Autor

Luiz Henrique Cruz, UNIBRASIL

Doutorando em Direitos Fundamentais e Democracia Linha de Pesquisa (Constituições e Condições Materiais da Democracia) pelo Programa de Pós-Graduação em Direito do Centro Universitário Autônomo do Brasil UNIBRASIL Curitiba - PR. Mestre em Direito Empresarial e Cidadania pelo Programa de Mestrado do Centro Universitário Curitiba UNICURITIBA PR. Bolsista Integral PROSUP da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior - CAPES no Programa de Mestrado do UNICURITIBA- PR. Especialização em Registros Notariais e Registrais pela Universidade Cândido Mendes - UCAM- RJ. Graduado em Direito pela UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ UNIDAVI - Rio do Sul-SC (2004). Foi Monitor na disciplina Direito Empresarial e Cidadania no Curso de Direito do Centro Universitário Curitiba- UNICURITIBA- PR.Foi Monitor do Grupo de Pesquisa Direito Empresarial e Cidadania no Século XXI no UNICURITIBA. Foi Membro do Grupo de Pesquisa Sustentabilidade e Direito no UNICURITIBA.. Foi Membro do Grupo de Pesquisa Direito e Saúde no UNICURITIBA.. Foi Membro do Grupo de Pesquisa ? Institutos e direitos fundamentais em Direito Penal e Processo Penal: Pesquisas em Direito Comparado no UNICURITIBA . Mediador judicial pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, com estágios práticos no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro - RJ e Fórum Descentralizado do Boqueirão em Curitiba - PR . Graduado em Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica de Gramado- RS (1990). Atua como advogado nas áreas trabalhistas, cível, consumidor e empresarial.Estudante de Pós Graduação em Direito Constitucional. Superior pela Universidade Cândido Mendes - UCAM - RJ. Membro da Associação dos Advogados Trabalhistas do Paraná - AATPR.

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Publicado
2021-11-18