CENSURA NO CINEMA: 120 ANOS DE TRANSGRESSÕES

  • Viviane RODRIGUES
Palavras-chave: cinema, censura, transgressão, corpo, nudez, sexo

Resumo

O artigo contextualiza, primeiramente, a censura no cinema americano de entretenimento e também na produção de arte, além dos efeitos que ela teve sobre a produção criativa de inúmeros cineastas ao longo das décadas. Diretoras e diretores que, posteriormente e sazonalmente, produziram obras fílmicas com temáticas/estéticas transgressoras, enfrentando assim, as regras estabelecidas por institutos como o primeiro comitê de censura, criado em Chicago, nos Estados Unidos, em 1907, passando pelo Hays Office, em 1921, o Meese Report, no governo republicano de Ronald Reagan, em 1986, até o atual código mantido pela Motion Picture Association of America (MPAA). Atualmente a MPAA é responsável pela censura de tudo que aparece nas telas americanas, e que, embora não seja reforçada pela justiça, provê “selos” que indicam a idade permitida para os espectadores. Isso prejudica fortemente a inserção e distribuição do cinema alternativo nas salas comerciais – o que é repetido não apenas pelas cadeias americanas de cinema, mas mundialmente - já que, por exemplo, um selo que permite apenas adultos no cinema reduz o público e o retorno financeiro enormemente. O trabalho ilustra que a batalha dos censores contra o obsceno se volta basicamente contra o corpo (principalmente o feminino), a nudez e o sexo, enquanto a violência, mesmo que extrema, é naturalizada. Essa premissa se manteve ao longo de todas as décadas até a contemporaneidade. Para compreender o tema são enunciados conceitos sobre cinema de entretenimento e arte, censura, corpo, as modalidades do obsceno, além de contextos históricos e propostas de ruptura. A pesquisa percebe a manutenção da censura cinematográfica na atualidade, que se mostra ainda fortemente reguladora das questões da sensualidade/sexualidade, que corrobora fortemente com a reprodução da violência, mas que agora não somente se fundamenta na condição de baluarte da moral e dos bons costumes, mas também, e principalmente, enquanto manipuladora das regras financeiras do mercado cinematográfico.
Publicado
2016-05-09