Mulheres Trans na política:

Uma busca por representatividade

  • Michele Merlin PET, DIREITO, UNIBRASIL
  • Andrea Lobo PET, DIREITO, UNIBRASIL
  • Leticia Santana Santos PET, DIREITO, UNIBRASIL
Palavras-chave: Política; mulheres transexuais; representatividade; igualdade.

Resumo

A sub-representação das mulheres na política é uma das consequências das sociedades fundadas no patriarcado. Dessa forma, em relação as mulheres trans pode-se dizer que a dificuldade de representação na política torna-se maior, já que para tanto, terão de desafiar a discriminação no âmbito público em que muitos não as aceitam como mulheres e também enfrentarão o machismo estrutural.  Em 2020 por meio das eleições municipais ocorridas no Brasil muitas mulheres foram eleitas. Nas palavras da pesquisadora da Antra Bruna Benevides “É um marco histórico no Brasil termos tantas pessoas trans eleitas, essa representatividade é importantíssima (...)” (JUSTO,2020, Exame), porém dados do Trans Murder Monitoring (Observatório de Assassinatos Trans) apontam que, apenas nos primeiros nove meses de 2020, 124 pessoas transexuais foram mortas no Brasil. Com isso, o país ocupa o inglório topo do ranking dos mais violentos para essa população pelo 12º ano consecutivo. Mais de 270 candidaturas de pessoas trans foram confirmadas em chapas de partidos de esquerda e de direita, dentre as eleitas estão: Robeyoncé de Lima, deputada estadual eleita pela chapa coletiva Juntas, em Pernambuco; Erika Hilton, do mandato estadual coletivo da Bancada Ativista, em São Paulo; e Erica Malunguinho, deputada estadual pelo PSOL sendo esta a primeira trans eleita do estado paulista, com mais de 50 mil votos, também tornou-se a primeira mulher trans a coordenar uma comissão de um Parlamento do Brasil. A psicanalista e socióloga Letícia Lanz também do partido PSOL, foi a primeira mulher trans a se candidatar à prefeita da capital paranaense, quando entrevistada ela mencionou que um dos motivos de sua candidatura foi a de que “(...)O núcleo político e econômico é o osso que os homens, não querem largar e por isso é muito difícil para as mulheres penetrarem, especialmente uma mulher trans, que é a quinta pessoa depois de ninguém” (VASCONCELOS, 2020, Ponte) infelizmente ela não foi eleita. Indubitável é que a afirmativa da Lanz é real, todavia é possível que por meio da educação de gênero, visibilidade e principalmente com o nosso voto e a inserção dessas mulheres na política brasileira, haja reversão dos dogmas impostos há anos nessa sociedade machista e patriarcal. A política é uma das formas mais eficazes de dar voz as que tiveram suas vidas ceifadas para serem silenciadas.

Publicado
2021-11-18