O EXERCÍCIO FÍSICO NA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS COGNITIVAS EM IDOSOS

  • Rafael Sakaguti UniBrasil
  • Andre Luis Martins Teixeira UniBrasil
  • Rodrigo Bozza UniBrasil
Palavras-chave: Exercício Físico, Idosos, Declínio Cognitivo, Demência, Alzheimer, Treinamento Cognitivo

Resumo

O envelhecimento populacional é uma das transformações demográficas mais importantes do século XXI, influenciando economia, mercado de trabalho, serviços essenciais e estruturas familiares. Nas últimas cinco décadas, o número de pessoas com mais de 60 anos aumentou três vezes e, até 2050, esse grupo deverá representar um quarto da população mundial (World Health Organization, 2015). Esse processo biológico envolve alterações celulares e moleculares que comprometem a homeostase, resultando em declínio funcional, fragilidade e doenças crônicas (Correia-Melo; Passos, 2015). A atividade física regular se mostra uma estratégia promissora para preservar funções cognitivas, autonomia e qualidade de vida. Alterações fisiológicas progressivas afetam diversos sistemas, incluindo o sistema nervoso central, favorecendo doenças crônicas e declínio funcional. Esta revisão sistemática examina os efeitos de exercícios aeróbicos e de resistência na capacidade cognitiva de adultos mais velhos. O exercício físico é uma intervenção segura, de baixo custo e eficaz para a promoção da saúde cognitiva e da qualidade de vida na velhice. Este estudo foi conduzido conforme as diretrizes PRISMA, com o objetivo de identificar artigos que apurassem os efeitos de intervenções físicas ou multicomponentes sobre a função cognitiva em populações idosas com risco ou diagnóstico de declínio cognitivo. A busca bibliográfica foi realizada exclusivamente na base de dados PubMed, como resultado, foram inicialmente identificados 57 artigos. Ao final da triagem, 11 artigos foram incluídos na análise principal por apresentarem relação direta com doenças cognitivas. Um dos artigos analisados investigou os efeitos do exercício físico na cognição de indivíduos com Alzheimer leve a moderado, utilizando um ensaio clínico randomizado de caráter piloto, com intervenção de 12 meses e avaliações em diferentes momentos. Esse método permite observar efeitos imediatos e em médio prazo, além de controlar variáveis externas. O estudo reforça que mesmo exercícios leves podem beneficiar a cognição, destacando a necessidade de pesquisas com amostras maiores e protocolos mais robustos para esclarecer os efeitos específicos do exercício aeróbico. Outro estudo, com indivíduos com Alzheimer leve, mostrou que o exercício supervisionado não produziu mudanças significativas em cognição global, qualidade de vida ou atividades diárias, mas reduziu sintomas neuropsiquiátricos, como agitação, ansiedade e depressão. Além dos efeitos biológicos, o exercício favorece fatores psicossociais, como interação social, rotina estruturada e sensação de autonomia. Esta pesquisa ainda está na fase de extração dos dados, não sendo possível chegar a uma conclusão.

Referências

1. ANGEVAREN, M. et al. Physical activity and enhanced fitness to improve cognitive function in older people without known cognitive impairment. Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 2, 2008.

2. ANTUNES, H. K.; SANTOS-GALDUROZ, R. F.; DE AQUINO LEMOS, V.; BUENO, O. F.; RZEZAK, P.; DE SANTANA, M. G.; DE MELLO, M. T. The influence of physical exercise and leisure activity on neuropsychological functioning in older adults. Age, v. 37, n. 4, p. 9815, 2015.

3. CECCHINI, M. A.; CASIMIRO, L.; BAREA, K. S.; YASSUDA, M. Envelhecimento e cognição: memória, funções executivas e linguagem. In: FREITAS, E. V.; PY, L. (Org.). Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. p. 3189.

4. CORREIA-MELO, C.; PASSOS, J. F. Mitochondria: Are they causal players in cellular senescence? Biochimica et Biophysica Acta, v. 1847, n. 11, p. 1373–1379, nov. 2015.

5. MATSUDO, S. M.; MATSUDO, V. K. R.; DE BARROS NETO, T. L. Impacto do envelhecimento nas variáveis antropométricas, neuromotoras e metabólicas da aptidão física. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 8, n. 4, p. 21–32, 2000.

6. MORADELL, A.; IGUACEL, I.; NAVARRETE-VILLANUEVA, D.; FERNÁNDEZ-GARCÍA, Á. I.; GONZÁLEZ-GROSS, M.; PÉREZ-GÓMEZ, J.; ARA, I.; CASAJÚS, J. A.; GÓMEZ-CABELLO, A.; VICENTE-RODRÍGUEZ, G. Effects of a multicomponent training and a detraining period on cognitive and functional performance of older adults at risk of frailty. Aging Clinical and Experimental Research, v. 37, n. 1, p. 117, abr. 2025.

7. PEDRINOLLA, A.; VENTURELLI, M.; FONTE, C.; TAMBURIN, S.; DI BALDASSARRE, A.; NARO, F.; VARALTA, V.; GIURIATO, G.; GHINASSI, B.; MUTI, E.; SMANIA, N.; SCHENA, F. Exercise training improves vascular function in patients with Alzheimer's disease. European Journal of Applied Physiology, v. 120, n. 10, p. 2233–2245, out. 2020.

8. SANDERS, L. M. J.; HORTOBÁGYI, T.; KARSSEMEIJER, E. G. A.; VAN DER ZEE, E. A.; SCHERDER, E. J. A.; VAN HEUVELEN, M. J. G. Effects of low- and high-intensity physical exercise on physical and cognitive function in older persons with dementia: a randomized controlled trial. Alzheimer’s Research & Therapy, v. 12, n. 1, p. 28, mar. 2020.

9. VERNAGLIA, I. F. G. Habilidades cognitivas adquiridas ao longo da vida e reserva cognitiva em idosos: desenvolvimento e validação de instrumento. 2019. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.

10. YU, F.; VOCK, D. M.; ZHANG, L.; SALISBURY, D.; NELSON, N. W.; CHOW, L. S.; SMITH, G.; BARCLAY, T. R.; DYSKEN, M.; WYMAN, J. F. Cognitive effects of aerobic exercise in Alzheimer's disease: a pilot randomized controlled trial. Journal of Alzheimer’s Disease, v. 80, n. 1, p. 233–244, 2021. DOI: 10.3233/JAD-201100.

11. WORLD HEALTH ORGANIZATION. World report on ageing and health. Geneva: World Health Organization, 2015.
Publicado
2025-12-12
Seção
Educação Física