SELETIVIDADE ALIMENTAR EM CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: RELATO DE CASO
Resumo
A seletividade alimentar é uma condição frequentemente associada ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), podendo comprometer o crescimento, o estado nutricional e a qualidade de vida da criança e da família. Este relato de caso tem como objetivo descrever a abordagem nutricional de um paciente de 6 anos de idade, diagnosticado com TEA nível 2 de suporte, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), acompanhado em atendimento nutricional em ambulatório. O paciente apresentava seletividade alimentar severa iniciada três meses antes da consulta, restringindo sua alimentação a arroz, leite, pepino, manga, banana, bolo caseiro, suco artificial e, raramente, pão francês, com forte recusa a novas texturas e temperaturas. O recordatório alimentar de 24 horas revelou ingestão energética subótima (707 kcal/dia), representando 55% das suas necessidades diárias, com inadequação de consumo de todos os macronutrientes. A avaliação antropométrica mostrou estatura adequada para idade e IMC/I acima do esperado (sobrepeso), evidenciando desequilíbrio entre qualidade alimentar e estado nutricional. A mãe relatou episódios de desmaio da criança relacionados ao jejum prolongado na escola, a qual não permitia levar os alimentos aceitos para consumo no período escolar. Evacuação irregular e baixa ingestão hídrica também foram dados referidos pela mãe. A intervenção inicial priorizou estratégias de educação alimentar e nutricional (EAN) com foco na ampliação gradual da aceitação alimentar, uso de preparações adaptadas e inclusão da família no processo. Foram entregues materiais lúdicos adaptados ao TEA para estimular o interesse da criança pelos alimentos. Após duas semanas, em consulta de retorno, observou-se evolução significativa da criança, evidenciada pelo relato da mãe sobre a aceitação de novos alimentos como frango, carne bovina, feijão com legumes, macarrão, frutas e vegetais, além de maior engajamento da criança durante a consulta. Apesar da evolução positiva, manteve-se a necessidade de monitoramento, exames bioquímicos (o que em relação aos exames bioquímico?) e diálogo com a escola para viabilizar adaptações alimentares. O caso reforça a importância da atuação multiprofissional e da abordagem individualizada na condução da seletividade alimentar em crianças com TEA, destacando o papel do nutricionista no desenvolvimento de estratégias efetivas, na escuta ativa da família e na construção de um cuidado sensível às particularidades clínicas e sociais do paciente.
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