ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL: REVISÃO DE LITERATURA

Resumo

A paralisia cerebral (PC) é um distúrbio neurológico crônico e não progressivo, caracterizado por alterações no controle motor e na coordenação muscular, que repercutem diretamente na saúde bucal. Considerando esses desafios, o presente estudo tem como objetivo analisar a assistência odontológica oferecida a crianças com PC, ressaltando a importância de protocolos específicos e adaptados às suas necessidades. Trata-se de uma revisão integrativa de literatura. A busca dos artigos foi realizada nas bases PubMed, MEDLINE, SciELO e LILACS, por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram utilizados descritores retirados do DeCS, entre eles: “paralisia cerebral”, “odontopediatria”, “saúde bucal”, “cuidadores” e “qualidade de vida”. Para refinar a pesquisa, aplicaram-se os operadores booleanos “AND” e “OR”. Os critérios de inclusão contemplaram artigos completos, em português ou inglês, disponíveis gratuitamente, publicados entre 2009 e 2020. Foram excluídos estudos fora do escopo, resenhas, resumos e duplicatas. Inicialmente, 21 artigos foram identificados; após a aplicação dos critérios de exclusão, 18 permaneceram para leitura integral. Destes, seis foram desconsiderados por não abordarem diretamente o tema, resultando em 12 trabalhos analisados nesta revisão. Os resultados evidenciaram que crianças com PC apresentam maior predisposição a cárie dentária, doença periodontal e más oclusões. Esses problemas estão frequentemente associados à dificuldade na higiene oral, presença de reflexos orais anormais, bruxismo, traumas dentários e, em alguns casos, xerostomia decorrente do uso de medicamentos. Questões socioeconômicas também se mostraram determinantes: famílias de baixa renda enfrentam barreiras para acessar o atendimento odontológico e muitas vezes carecem de informação adequada sobre higiene oral. As limitações no acesso ao atendimento odontológico, somadas à falta de conhecimento sobre práticas adequadas de higiene oral, contribuem para o agravamento dos problemas bucais e repercutem negativamente na qualidade de vida das crianças com PC. O papel dos cuidadores é central nesse processo, mas a rotina diária frequentemente resulta em desgaste físico e emocional, tornando difícil a manutenção de hábitos de higiene consistentes. Por outro lado, famílias com maior estabilidade financeira geralmente conseguem minimizar tais impactos, o que evidencia como as desigualdades sociais influenciam diretamente a saúde bucal. Nesse cenário, políticas públicas de inclusão e suporte são fundamentais para reduzir disparidades. Quanto ao manejo clínico, observa-se a eficácia de recursos como escovas adaptadas, técnicas de sedação consciente e modificações no espaço clínico que proporcionem mais acolhimento e menos estresse para a criança. Além disso, o trabalho conjunto entre diferentes profissionais de saúde potencializa os resultados, oferecendo uma assistência integral e humanizada.