FISIOTERAPIA NO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO - RELATO DE CASO
Resumo
Introdução: O câncer de cabeça e pescoço (CCP) abrange neoplasias que acometem cavidade oral, faringe, laringe, nariz, seios paranasais, tireoide, paratireoide e pele da face e do pescoço. O subtipo mais comum é o carcinoma de células escamosas (CCE), responsável por cerca de 90% dos casos e frequentemente associado ao tabagismo, etilismo e infecção pelo papilomavírus humano (HPV) (BRENER et al., 2007). O tratamento pode envolver cirurgia, radioterapia e quimioterapia, ocasionando complicações funcionais e estéticas que comprometem a qualidade de vida. Nesse contexto, a fisioterapia atua de forma interdisciplinar, promovendo prevenção e reabilitação das disfunções decorrentes do tratamento oncológico. Justificativa: O CCP está entre os dez tipos de câncer mais incidentes no Brasil, com estimativa de 15.100 novos casos anuais entre 2023 e 2025 (INCA, 2020). Lesões em estruturas como a língua podem gerar dor, trismo, disfagia, limitação cervical e alterações posturais, exigindo atuação multiprofissional. Segundo Stout et al. (2020), a fisioterapia oncológica contribui para a recuperação funcional e reintegração social, reduzindo sequelas físicas e psicossociais. Objetivo: Relatar a atuação fisioterapêutica em paciente com carcinoma de células escamosas de língua, destacando as principais intervenções utilizadas. Metodologia: Estudo descritivo, tipo relato de caso clínico, fundamentado em prontuário eletrônico. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 25 anos, sem fatores de risco prévios, diagnosticada com carcinoma de células escamosas de língua. Foi submetida à glossectomia parcial com esvaziamento cervical nível III e 33 sessões de radioterapia. Como parte do tratamento multiprofissional, foi acompanhada por médico oncologista, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e nutricionista. Resultado: Durante a internação, recebeu quatro atendimentos fisioterapêuticos com foco em exercícios respiratórios, cinesioterapia ativa, profilaxia circulatória, posicionamento e orientações sobre autocuidado. Um mês após a alta, iniciou 12 sessões ambulatoriais voltadas à analgesia, eletroestimulação e reabilitação facial e cervical. Três meses após a cirurgia, iniciou acompanhamento particular com fisioterapeuta oncológica, mantido até a presente data. O tratamento particular incluiu acupuntura sistêmica e auricular, liberação miofascial, drenagem linfática manual, laserterapia, ventosaterapia, cinesioterapia ativa e passiva, reeducação postural global (RPG) e bandagem funcional. Considerações Finais: A fisioterapia é essencial na reabilitação de pacientes com câncer de cabeça e pescoço, prevenindo e tratando sequelas motoras e funcionais. A atuação precoce e integrada à equipe multiprofissional favorece a recuperação das funções orais e cervicais, promovendo qualidade de vida e autonomia. Este caso reforça a importância da fisioterapia no cuidado integral em oncologia.
Referências
INCA 2020. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva
STOUT, N. L. et al. A systematic review of rehabilitation and exercise recommendations in oncology guidelines. CA: A Cancer Journal for Clinicians, v. 70, n. 6, p. 520-544, 2020.
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