ANÁLISE DE DADOS BIOQUÍMICOS EM FUNCIONÁRIOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ANTES E APÓS A PANDEMIA DO COVID-19

Resumo

A COVID-19 desencadeou uma pandemia de repercussão mundial, caracterizada por quadros assintomáticos ou sintomáticos, com manifestações respiratórias e sequelas de longo prazo. Além dos efeitos diretos da infecção, medidas de contenção, como lockdown, implicou em cancelamento de consultas e exames, o que impactou negativamente no acompanhamento de doenças crônicas, como diabetes e dislipidemias. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo analisar dados bioquímicos de servidores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) antes e após a pandemia, buscando identificar alterações metabólicas associadas ao período pandêmico. Trata-se de uma pesquisa quantitativa e descritiva, realizada no Laboratório Escola de Análises Clínicas da UFPR (LEAC-UFPR), vinculada ao projeto “Importância do uso racional de medicamentos na saúde ocupacional de servidores da UFPR”. Foram avaliados exames laboratoriais de 1.220 funcionários em 2022, comparados aos de 1.126 servidores de 2017-2018, além de dados pré-clínicos coletados de 587 servidores em 2023. Os resultados demonstraram aumento significativo dos níveis de glicemia após a pandemia (p<0,05) em relação aos anos de 2017 e 2018. As correlações estatísticas reforçaram esse achado, evidenciando associação positiva entre glicemia e HbA1c (r=0,69), negativa entre triglicerídeos e HDL (r=-0,43) e positiva entre colesterol total e LDL (r=0,91). A análise de componentes principais (PCA), aplicada aos dados de 2022, explicou 59,9% da variância total, indicando que os padrões de alteração glicêmica e lipídica observados no período pós-pandemia são compatíveis com síndrome metabólica. Identificou-se, a partir dos dados pré-clínicos, que 5% dos servidores eram diabéticos e 11% pré-diabéticos, sendo a metformina o antidiabético mais utilizado (50% nos diabéticos e 78% nos pré-diabéticos). Em relação ao perfil lipídico, 35% relataram dislipidemia, e entre os 104 em tratamento, destacaram-se a rosuvastatina (49%) e a sinvastatina (25%). Além disso, 15 servidores apresentaram associação de diabetes com dislipidemia e 36 relataram pré-diabetes associado à dislipidemia, ambos identificados no período pós-pandemia. Conclui-se que a pandemia impactou negativamente os indicadores bioquímicos avaliados, reforçando a importância de exames periódicos e acompanhamento clínico para prevenção e controle de doenças metabólicas.