AUTISMO NA VIDA ADULTA: DESAFIOS DA ALIMENTAÇÃO

  • Juliana Ferreira Jorge Unibrasil
  • Gabriela Martins
Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; seletividade alimentar; nutrição; micronutrientes.

Resumo

 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que impacta a comunicação, a interação social e o comportamento, variando em intensidade e necessidade de suporte. Apesar dos avanços diagnósticos, muitos indivíduos chegam à vida adulta sem diagnóstico formal, o que pode gerar quadros de sofrimento psíquico, ansiedade e isolamento social. Entre os desafios mais recorrentes está a seletividade alimentar, caracterizada por hipersensibilidade a texturas, sabores e cheiros que pode comprometer tanto a saúde física quanto a socialização. Este trabalho tem como objetivo identificar as principais dificuldades alimentares em adultos com TEA e seus impactos na interação social e na saúde física, considerando riscos de deficiências nutricionais e obesidade. Para tanto foi realizada uma revisão bibliográfica para responder a seguinte pergunta de pesquisa: “Quais as principais deficiências de micronutrientes podem estar relacionadas a seletividade alimentar?" Foi realizada busca nas seguintes bases de dados Scielo e Google Acadêmico, por meio dos seguintes descritores “Transtorno do Espectro Autista”, “seletividade alimentar”, “nutrição” e “micronutrientes” sendo considerados para a revisão 8 artigos. Como resultados, foi possível observar que as principais deficiências nutricionais relatadas envolvem as vitaminas D e do complexo B, com destaque para a vitamina B1 (tiamina), frequentemente associadas à limitação do consumo de cereais integrais, carnes e vegetais verdes. Também se observam carências de vitaminas A, C e E, decorrentes da baixa ingestão de frutas, legumes e verduras variadas, comprometendo funções metabólicas e imunológicas.

Quanto aos minerais, o ferro destaca-se como o nutriente mais frequentemente deficiente, levando à anemia ferropriva, seguida pela redução dos níveis de zinco, cálcio e magnésio, que interferem na imunidade, na saúde óssea e na função neuromuscular. Essas deficiências refletem o padrão alimentar restritivo característico de pessoas com TEA, marcado pela preferência por determinados tipos, cores e texturas de alimentos, reduzindo a variedade nutricional e favorecendo desequilíbrios fisiológicos.

Essas deficiências podem estar associadas à seletividade alimentar, uma vez que, no autismo, a preferência por determinadas cores e tipos de alimentos se mostra frequente e pode variar de forma sazonal, limitando, assim, o consumo de micronutrientes essenciais para a regulação do organismo.

Conclui-se que, mesmo na fase adulta, a seletividade no autismo, continua presente e pode acarretar danos à saúde. Cabe ao nutricionista buscar ferramentas que ofereçam suporte individualizado, com estratégias para reduzir os impactos da seletividade alimentar e prevenir deficiências nutricionais, contribuindo para a saúde e a qualidade de vida do adulto com TEA.

Referências

REFERÊNCIAS
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Publicado
2025-12-15
Seção
Nutrição