Os grupos escolares do paraná na primeira república e a preocupação com a saúde escolar

  • Adriana Mileski Costa
  • Fátima Branco Godinho de Castro
Palavras-chave: Grupos Escolares, Saúde, Medicina Escolar, Higiene

Resumo

O presente estudo tem por objetivo analisar a importância da educação e da saúde nas primeiras décadas do século XX, período em que as ideias sanitaristas ganham espaço no contexto social do Brasil. As determinações do Código de Ensino do Estado do Paraná e do Programa do Grupo Escolar Modelo e Similares, ambos de 1917, incluíam metas voltadas para a questão da higiene que não se limitavam somente as questões humanas, mas abarcavam as questões prediais e ambientais. Este trabalho visa compreender como ocorreu a implementação de tal programa, nessa nova escola, que buscava acabar por assim dizer, com os problemas estruturais dos prédios de muitas delas e com as condições desfavoráveis dentro das salas de aula. As fontes primárias e documentais utilizadas na pesquisa demonstram o discurso médico para a infância e as ações do Estado para higienizar, disciplinar e homogeneizar a população, justamente num período em que o Paraná recebeu milhares de imigrantes europeus, que substituíram as classes menos favorecidas. As teorias eugênicas e de branqueamento da população brasileira ganhava espaço no contexto paranaense, com a pretensão de melhorar a constituição física e mental da população. No período em análise, a atenção e vigilância das autoridades estavam em ensinar os cuidados pessoais com dentes, mãos e cabelos, mas também havia a preocupação com álcool, tabagismo, sexualidade e outros vícios. Os documentos analisados mostram o trabalho exercido pelos agentes sanitaristas dentro dos grupos escolares, que além da avaliação dos diversos problemas encontrados nestes espaços, realizavam um atendimento inicial para a erradicação imediata destas doenças e males, que deveria ser estendida para as famílias destas crianças. Como resultado o espaço escolar tornou-se um grande laboratório de formação de futuros cidadãos. Os Estados e Municípios deveriam estimular a educação eugênica, o cuidado com a higiene mental e social, e através da medicina escolar difundir o pensamento de formação de sujeitos saudáveis, higiênicos e educados. Assim, a escola atuou de forma preventiva para tirar as crianças do caminho dos vícios e torná-las sujeitos produtivos, participantes e socialmente modificados.
Publicado
2017-02-15