Autismo e Linguagem à Luz da Teoria Psicanalítica

  • Bruna Chustake Alves UniBrasil - Centro Universitário
  • Patricia Arruda
Palavras-chave: Transtorno do espectro autista; tea; autismo; linguagem; voz; psicanálise.

Resumo

O autismo era descrito antigamente como uma síndrome comportamental que derivava de um quadro orgânico e devido a essa descrição, começou uma mudança na forma de tratar os autistas, que eram até então vistos como crianças com psicose infantil. Partindo dessa definição, Wing criou o conceito de espectro autista, que tinha como intuito explicar que o transtorno se apresenta de formas diferentes para cada pessoa. Atualmente o Transtorno do Espectro Autista ou TEA, é descrito como um transtorno do neurodesenvolvimento que causa déficits persistentes na comunicação e na interação social, como por exemplo na reciprocidade socioemocional, nos comportamentos comunicativos não verbais e dificuldade para manter, desenvolver e compreender relacionamentos. A linguagem é fundamental ao desenvolvimento do sujeito, e é através dela que o sujeito consegue compreender o mundo e agir nele. O outro é determinante para que a criança entre na linguagem. A fala na psicanálise tem como função dar um sentido às funções do indivíduo, ou seja, ela liga o significar com o significante e é o terceiro componente do nó borromeano. O bebê nasce em meio a uma imersão de linguagem, mas para que se torne sujeito falante é necessário que a linguagem se incorpore ao real de seu corpo, sendo a voz do Outro uma costura para esse determinado fim. Este trabalho buscou explicar e investigar através de pesquisas de artigos e livros sobre a origem do termo autismo, as diversas concepções de autismo acerca do tempo, a divisão que o autismo causa na teoria psicanalítica e sobre a importância da linguagem no tratamento desse espectro. É preciso dispor de uma voz, e é preciso que a criança constitua sua própria voz, antes mesmo de constituir uma imagem corporal no estágio do espelho. Na criança autista, é possível observar que ela não se deixa alienar pela voz do Outro, visivelmente observável em suas ações de não responder ao chamado do Outro, por isso a terapia de uma criança com autismo não consiste em interpretar o inconsciente, mas permitir o advento do sujeito.

Referências

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Publicado
2021-06-11
Seção
Psicologia