A ESCUTA ESPECIALIZADA E O ESPAÇO EDUCACIONAL: RELAÇÕES DIALÓGICAS SOBRE A VIOLÊNCIA

  • Patrícia Gonçalves Fochesato Unibrasil
  • Brenda Cristina de Oliveira
  • Débora Garcia
  • Juliett Ribas Assis
  • Patrícia Aparecida Avejaneda Mendes Rodríguez
  • Cristian Guilherme Valeski de Alencar
Palavras-chave: Psicologia; Educação; Violência; Revelação Espontânea; Revitimização.

Resumo

Resumo

A escola é um espaço no qual situações de revelação espontânea por parte do aluno vítima de violência podem acontecer, sendo necessário atenção aos encaminhamentos, uma vez considerada a possibilidade de suporte e acompanhamento da situação vivenciada, permitindo à vítima acolhimento e ajuda. A pesquisa teve como objetivo analisar o acesso dos docentes à  discussões relacionadas à Escuta Especializada, estabelecendo articulações com situações de violência evidenciadas pelos discentes, oportunizando diálogos e percepções frente às demandas decorrentes de sua manifestação no ambiente escolar. O processo de coleta de dados, envolveu uma pesquisa de campo quantitativa a partir da aplicação de um questionário composto por 12 perguntas objetivas, visando explorar aspectos como o processo de capacitação, compreensão quanto ao conceito de revitimização, propostas de ações preventivas e espaços de debate sobre a violência direcionadas aos alunos, familiares e professores, bem como conhecimento de procedimentos, suporte e instâncias para acompanhamento de situações de violência. A pesquisa contou com a participação de 84 professores que atuam em Curitiba/PR e região metropolitana, de diferentes etapas do ensino, contemplando diferentes níveis.  A partir da análise da pesquisa bibliográfica e da coleta de dados, percebeu-se a necessidade do investimento em políticas locais que fortaleçam as ações de garantia de direitos, bem como a urgência em ampliar discussões que abordem a responsabilidade, a articulação e o diálogo entre diferentes instâncias, buscando parcerias, bem como maior atividades que favoreçam a aproximação dos profissionais da escola, das instâncias e comunidade quanto às ações de intervenção. No caso da Educação, identifica-se sua participação nas Redes de Proteção, mas observa-se que os direcionamentos exploram o processo de fora para dentro da escola, como receptora das ocorrências para a tomada de ações pedagógicas que auxiliem a vítima. Apesar deste papel fundamental, é preciso colocar a escola em destaque como sendo o espaço de identificação da violência e, neste sentido, como a responsável em fazer direcionamentos. Tal aspecto nos leva a questionar se está capacitada quanto aos procedimentos a serem realizados, evitando a revitimização. Nos resultados da pesquisa, identificou-se que a maioria dos profissionais não possui conhecimento quanto ao significado do termo, tampouco sobre a perspectiva da revelação espontânea, tornando assim, pouco provável que seja capaz de efetuar uma escuta com qualidade, evitando nova exposição da  vítima. Depara-se com uma compreensão superficial que gera desencontros e transferência de responsabilidades, sendo um significativo ponto de partida para reflexões quanto à formação, inicial ou continuada, dos docentes e os protocolos a serem adotados pela escola em defesa de direitos negligenciados pela violência.

Biografia do Autor

Patrícia Gonçalves Fochesato, Unibrasil

Pedagoga e graduanda do curso de Psicologia  pelo Centro Universitário Autônomo do Brasil (UNIBRASIL), possui especialização em Gestão Escolar pela Faculdades de Pinhais (FAPI) e Direito Educacional pelo Instituto Tecnológico e Educacional de Curitiba (ITECNE). 

Brenda Cristina de Oliveira

Graduanda de Psicologia pelo Centro Universitário Autônomo do Brasil (UNIBRASIL). 

Débora Garcia

Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário Autônomo do Brasil (UNIBRASIL). 

Juliett Ribas Assis

Fisioterapeuta e graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário Autônomo do Brasil (UNIBRASIL), possui especialização em Fisioterapia Neurofuncional (Faculdade Inspirar) e bacharelado em Fisioterapia (Faculdade Evangélica do Paraná).

Patrícia Aparecida Avejaneda Mendes Rodríguez

Tecnóloga em Gestão Comercial, especialista em liderança eficaz certificada pela Febraban e graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário Autônomo do Brasil (UNIBRASIL).

Cristian Guilherme Valeski de Alencar

Professor orientador, graduado em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná, possui especialização em Psicologia Corporal pelo Centro Reichiano de Psicoterapias Corporais, especialização em Neuropsicologia pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão - IBPEX  e mestrado em Psicologia Social Comunitária pela Universidade Tuiuti do Paraná.

Referências

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Publicado
2021-11-19
Seção
Psicologia

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