A ESCUTA ESPECIALIZADA E O ESPAÇO EDUCACIONAL: RELAÇÕES DIALÓGICAS SOBRE A VIOLÊNCIA
Resumo
Resumo
A escola é um espaço no qual situações de revelação espontânea por parte do aluno vítima de violência podem acontecer, sendo necessário atenção aos encaminhamentos, uma vez considerada a possibilidade de suporte e acompanhamento da situação vivenciada, permitindo à vítima acolhimento e ajuda. A pesquisa teve como objetivo analisar o acesso dos docentes à discussões relacionadas à Escuta Especializada, estabelecendo articulações com situações de violência evidenciadas pelos discentes, oportunizando diálogos e percepções frente às demandas decorrentes de sua manifestação no ambiente escolar. O processo de coleta de dados, envolveu uma pesquisa de campo quantitativa a partir da aplicação de um questionário composto por 12 perguntas objetivas, visando explorar aspectos como o processo de capacitação, compreensão quanto ao conceito de revitimização, propostas de ações preventivas e espaços de debate sobre a violência direcionadas aos alunos, familiares e professores, bem como conhecimento de procedimentos, suporte e instâncias para acompanhamento de situações de violência. A pesquisa contou com a participação de 84 professores que atuam em Curitiba/PR e região metropolitana, de diferentes etapas do ensino, contemplando diferentes níveis. A partir da análise da pesquisa bibliográfica e da coleta de dados, percebeu-se a necessidade do investimento em políticas locais que fortaleçam as ações de garantia de direitos, bem como a urgência em ampliar discussões que abordem a responsabilidade, a articulação e o diálogo entre diferentes instâncias, buscando parcerias, bem como maior atividades que favoreçam a aproximação dos profissionais da escola, das instâncias e comunidade quanto às ações de intervenção. No caso da Educação, identifica-se sua participação nas Redes de Proteção, mas observa-se que os direcionamentos exploram o processo de fora para dentro da escola, como receptora das ocorrências para a tomada de ações pedagógicas que auxiliem a vítima. Apesar deste papel fundamental, é preciso colocar a escola em destaque como sendo o espaço de identificação da violência e, neste sentido, como a responsável em fazer direcionamentos. Tal aspecto nos leva a questionar se está capacitada quanto aos procedimentos a serem realizados, evitando a revitimização. Nos resultados da pesquisa, identificou-se que a maioria dos profissionais não possui conhecimento quanto ao significado do termo, tampouco sobre a perspectiva da revelação espontânea, tornando assim, pouco provável que seja capaz de efetuar uma escuta com qualidade, evitando nova exposição da vítima. Depara-se com uma compreensão superficial que gera desencontros e transferência de responsabilidades, sendo um significativo ponto de partida para reflexões quanto à formação, inicial ou continuada, dos docentes e os protocolos a serem adotados pela escola em defesa de direitos negligenciados pela violência.
Referências
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