A IMPORTÂNCIA DO ETNOTURISMO NO CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO COMO INSTRUMENTO DE IDENTIDADE E MEMÓRIA

  • João da Silva Melo IFPE
Palavras-chave: etnoturismo; comunidade epistêmica; memória; identidade; difusão do conhecimento.

Resumo

Este projeto de Intervenção Didática tem como objetivo analisar e discutir a apropriação da etnologia no Curso Técnico em Guia de Turismo do Centro Estadual de Educação Profissional do Oceano. Por meio de entrevistas não estruturadas, estudo de currículos e formulários para verificar se existe apropriação subjetiva dos conhecimentos prévios que indicam a presença da identidade e da memória local. Para essa constatação utiliza-se a metodologia de pesquisa qualitativa de observação participativa, pautada a partir das manifestações orais e escritas dos docentes e discentes do Curso de Técnico em Guia de Turismo, embora o foco seja voltado para os estudantes os quais na sua maioria são nativos, filhos de pescadores e marisqueiras que consequentemente carregam conhecimentos e saberes históricos e culturais da Ilha de Itaparica. A Ilha de Itaparica é uma comunidade oriunda de etnias indígenas Tupinambás e africanas. A construção do PID dialoga a importância dos saberes e práticas dos nativos de Ilha de Itaparica, sua história, identidade, cultura e memória, a qual aparentemente vem sendo alijados a partir de um processo de urbanização desordenada nas comunidades locais. Neste PID discute também a implantação da ponte Salvador/Itaparica que produzirá impactos socioambientais, socioculturais e perda do território histórico e sagrado para os cultos de Matrizes Africanas. Vale destacar que os pescadores e marisqueiras têm um papel importantíssimo na memória histórica da Ilha inclusive na Independência da Bahia. O processo de construção do Projeto de Intervenção Didática tem a participação dos supracitados como também a entrevista da gestão administrativa e da gestão pedagógica, com isso pretende-se fazer uma leitura macro e real com objetivo trazer uma intervenção aplicável com a participação de toda comunidade escolar. As discussões etnológicas e epistemológicas são elencados a partir da revisão literária de vários autores do tema que comungue com a aprendizagem significativa. Neste PID propõe o estudo do etnoturísmo como instrumento de conservação e preservação da identidade e memória local e o perigo da ameaça epistemológica quando o turismo é praticado de forma desequilibrada nas comunidades epistêmicas. Como resultado pode-se ressaltar que os saberes históricos e culturais das comunidades locais necessitam de valorização e de socialização dos seus conhecimentos para que futuras gerações preservem sua identidade e a sua memória. Acredita-se que a prática do etnoturísmo será fundamental para difusão desses conhecimentos.

Referências

AIRES, L. Paradigma qualitativo e práticas de investigação educacional. Lisboa, PT: Universidade Aberta, 2011.
< http://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/2028 >. Acesso em: nov. de 2021.
AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.
BANDUCCI Jr., A.; BARRETO, M. Turismo e identidade local: uma visão antropológica. Campinas: Papirus, 2001. p. 7-20. BARRETTO, Margarita. Turismo e legado cultural. Campinas: Papirus, 2002.
BOGDAN, Robert. C.; BIKLEN, Sari. Knopp. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto Editora, 1994.
BOORSTIN, Daniel. The image: a guide to pseudo-events in America. New York: Harper, 1964.
BOURDIEU, Pierre. A identidade e a representação: elementos para uma reflexão crítica sobre a idéia de região. In: O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989a. p. 107-132.
CHASSOT, Attico. Para quem é útil o ensino. Canoas: Editora Ulbra, 2004.
COOPER, Chris; FLETCHER, John; WANHILL, Stephen; GILBERT, David e SHEPHERD, Rebecca. Turismo, princípios e prática. Tradução de Roberto Cataldo Costa. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
COSTA, Klenio Veiga da. Cosmovisões da natureza: um estudo sobre as representações sociais de natureza envolvidas na proteção da Lagoa de Cima - Campos dos Goytacazes - RJ. 2008
Correa, E. M. & Brito, M. R. (2012). Currículo, saberes e o ensino de ciências. In Anais do III Simpósio nacional de ensino de ciência e tecnologia. Ponta Grossa: UFTPR.
DISTRITO FEDERAL, SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO. Plano de Curso Técnico em Guia de Turismo. Distrito Federal: SEEDF, 2019. p. 7.
FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R.; OLIVEIRA, R. C. DE. Ensino Experimental de Química: Uma Abordagem Investigativa Contextualizada. Química Nova na Escola, v. 32, p. 101–106, 2009.
FEYERABEND, P. Contra o método. (2011). São Paulo: Editora UNESP.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.
FORQUIN, Jean-Claude. Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Tradução: Guacira Lopes Louro. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
HAAS, Peter. Introduction: epistemic communities and international policy coordination. International Organization, v. 46, n. 1, 1992, p. 01-35.
HENNING, Paula Corrêa. Profanando a Ciência: relativizando seus saberes, questionando suas verdades. Currículo sem Fronteiras, v.7, n.2, Jul/Dez 2007.
LE GOFF, Jacques. História e memória. 7. ed. Campinas/SP: Editora da Unicamp, 2013.
LERNER, D. Ler e escrever na escola - O real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.
LIMA, M. E. C. de C.; MAUÉS, E. Uma releitura do papel da professora das séries iniciais no desenvolvimento e aprendizagem de ciências das crianças. Ensaio - Pesquisa em Educação em Ciências, v.8, n.2, dez. 2005.
LUCKESI, Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando a prática. Salvador: Malabares Comunicação e Eventos, 2013.
MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do Pacifico ocidental [1922]. São Paulo: Abril Cultural. 1985.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.) Pesquisa social. Petrópolis: Vozes, 2007.
MELO, João da Silva. Ensino de astronomia pelo estudo colaborativo das Marés. 138 f. 2020. Dissertação (Mestrado em Ensino de Física) – Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2020.
MURDOCK, G. et al. Outline of cultural materials New Haven: Human Relations Area Files, 1982.
KUCERA, Jan et al: Methodologies and Best Practices for Open Data Publication. Dateso 2015, n.1.343, p.52-64, 2015. Disponível em: http://ceur-ws.org/Vol-1343/. Acesso em 25 nov.2021.
OSÓRIO, Ubaldo. A ilha de Itaparica. Salvador: Secção Gráfica da Escola de Aprendizes de Artífices, 1928.
PI-SUNYER, Oriol. Changing perceptions of tourism and tourists in a Catalan resort town. In: SMITH, Valene. Hosts and guests: the Anthropology of tourism. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1989. p. 187-199.
POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n.10,1992,
SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia científica: a construção do conhecimento. Rio de Janeiro: DP&A, 2005
SMITH, Valene. Hosts and guests: the Anthropology of tourism. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1989. p. 187-199.
THEOBALD, William F. (org.). Turismo Global. 2. ed. Traduzido por: Ana Maria Capovilla; Maria Cristina Guimarães Cupertino e João Ricardo Barros Penteado. São Paulo: SENAC, 2002. Tradução de: Global Tourism
VAN DEN BERGHE, Pierre L.; KEYES, Charles F. Introduction: tourism and re-created ethnicity. Annals of Tourism Research, v. 11, p. 343-352, 1984.
VAN DEN BERGHE, Pierre L. The quest for the other: ethnic tourism in San Cristóbal, Mexico. Seattle: University of Washington Press, 1994.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação da aprendizagem: práticas de mudança por uma práxis transformadora. 11. ed. São Paulo: Libertad Editora, 2010.
WEBER, Max. Relações comunitárias étnicas. In: ECONOMIA e Sociedade. Brasília: UnB, 1991. v. 1, p. 267-277.
WOOD, Robert E. Ethnic tourism, the State, and cultural change in Southeast Asia. In: Annals of Tourism Research, v. 11, p. 353-374, 1984.
WOOD, Robert E. Tourism and the State: ethnic options and constructions of otherness. In: PICARD, Michel; WOOD, Robert E. (Org.). Tourism, ethnicity, and the State in Asian and Pacific societies. Honolulu: University of Hawai’i Press, 1997.
Publicado
2022-11-29
Seção
Pedagogia