SISTEMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO VETERINÁRIO A CÃES COM CINOMOSE EM SITUAÇÃO DE DESASTRE NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – RELATO DE CASO

  • Daniela Kurylo Unibrasil
  • Guilherme Borges Bond
Palavras-chave: desastre; cinomose; veterinária; bem-estar-animal; sistematização

Resumo

O atendimento veterinário em situações de desastre apresenta desafios singulares, exigindo abordagens que transcendem os protocolos tradicionais voltados ao cuidado individualizado de cada paciente. A cinomose canina, uma doença viral altamente contagiosa e potencialmente fatal, requer tratamento específico baseado no perfil clínico de cada animal. Contudo, em cenários de catástrofe, como as enchentes em Canoas, Rio Grande do Sul, em 2024, a logística, a sistematização e a padronização dos cuidados tornam-se essenciais para maximizar a sobrevivência animal. Este estudo apresenta a sistematização aplicada no tratamento de cães com cinomose durante o desastre mencionado, visando o bem-estar animal.

A missão iniciou-se em 29 de junho de 2024, com a chegada ao isolamento, onde havia aproximadamente 50 cães diagnosticados com cinomose, distribuídos em quatro alas, sem uma divisão clara. A primeira etapa envolveu a observação das condições do local: na ala 1, o tempo necessário para quatro tratadores, sem divisão de responsabilidades, medicarem os animais variava entre 5h-6h. 

A segunda etapa consistiu na tentativa de otimizar a administração dos medicamentos. Para isso, foi estabelecida uma divisão de tarefas e implementadas estratégias de otimização, como misturar os remédios com sachês de ração para facilitar a ingestão, assim reduzindo o tempo de medicação para 5h.

Na terceira etapa, a divisão dos tratadores por ala foi implementada, o que permitiu um acompanhamento mais criterioso de cada um dos pacientes. O tempo necessário para medicar a ala 1 reduziu para 3h-4h. 

Na quarta etapa, foi implementado um protocolo de medicação adaptado às condições de isolamento, específico para o quadro clínico de cada animal. Sendo assim, os quadros clínicos foram estadiados em 0, 1, 2 e 3. Para cada fase havia uma lista de medicamentos, frequência e posologia sugerida. A dispensação em escala dos medicamentos, com preparação na ala 1 e distribuição pelos tratadores, garantiu uma administração rápida e eficaz, resultando na medicação completa de todas as alas em aproximadamente 4 horas.

A adoção de protocolo baseado em pesquisa científica resultou em melhorias significativas na eficiência e na rotina do isolamento. Menos de um mês depois, aproximadamente 30 cães já tinham sido negativados e prontos para adoção. Os resultados demonstram que a sistematização e padronização do tratamento, aliadas à organização dos recursos humanos, são cruciais para o sucesso no manejo de doenças em situações de desastre, garantindo que todos recebam cuidados numa situação excepcional, além de demonstrar a importância da pesquisa e publicação para propagação do conhecimento e sua aplicação. A aplicação dos protocolos desenvolvidos servirá de modelo para futuras intervenções, ressaltando a importância da adaptação e do trabalho em equipe para alcançar resultados positivos em cenários críticos.

Referências

FEITOSA, Francisco Leydson F. Semiologia Veterinária - A Arte do Diagnóstico. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2020. E-book. ISBN 9788527736336. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527736336/. Acesso em: 29 ago. 2024.
GREENE, Craig E. Doenças Infecciosas em Cães e Gatos. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2015. E-book. ISBN 978-85-277-2725-9. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2725-9/. Acesso em: 29 ago. 2024.
DORNELLES, Débora Z. et. al, Protocolos Terapêuticos Utilizados no Tratamento da Cinomose Canina no Alto Uruguai Gaúcho e Oeste Catarinense. RAMVI, Getúlio Vargas, v.02, n.03, jan.jul-2015. ISSN 2358-2243. Disponível em: https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://www.getulio.ideau.com.br/wp-content/files_mf/aa4220c469352f006aae04f05681037a264_1.pdf&ved=2ahUKEwjik6fkspuIAxVXK7kGHc1NERcQFnoECBUQAQ&usg=AOvVaw3K8p-9H7cScQKWjZuymCVc. Acesso em: 29 ago. 2024.
Publicado
2024-10-24
Seção
Medicina Veterinária

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