DEFICIÊNCIA DE FERRO EM ATLETA DE PATINAÇÃO ARTÍSTICA: RELATO DE CASO
Resumo
A deficiência de ferro compromete a síntese de hemoglobina, resultando na sua redução e podendo evoluir para anemia. Em atletas de alto rendimento, como os da patinação artística, fatores como dietas restritivas, hemólise por impacto, perdas gastrointestinais, estresse oxidativo e, em mulheres, o ciclo menstrual, aumentam a suscetibilidade à chamada “anemia do atleta”, condição que compromete o desempenho físico. Dessa forma, o estudo justifica-se pela necessidade de compreender os fatores envolvidos na deficiência de ferro e seu impacto no desempenho, contribuindo para o entendimento da condição e para o aprimoramento de estratégias diagnósticas em atletas de alto rendimento. O objetivo do trabalho foi relatar um caso clínico de uma atleta da patinação artística, que apresentava fadiga durante os treinos e possuía diagnóstico de endometriose e doença de Crohn (DC). Trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo, baseado em entrevista com uma atleta de patinação, analisando seus exames laboratoriais, incluindo hemograma, bioquímica do ferro, eletroforese de hemoglobina e proteína C reativa (PCR). Os resultados do hemograma inicial mostraram hemoglobina de 12,3 g/dL, volume corpuscular médio (VCM) de 87,6 fL, amplitude de distribuição das hemácias (RDW) de 12,8% e hematócrito de 36,8%. Após a reposição venosa de ferro, observou-se melhora nesses parâmetros, com hemoglobina de 13,0 g/dL, VCM 88,3 fL, RDW 12% e hematócrito de 37,6%. Na bioquímica do ferro, o valor inicial de ferro sérico foi de 42,0 µg/dL, ferritina de 22,9 ng/mL e saturação de transferrina de 10,3%. Observou-se, também, após o tratamento, um aumento importante de ferro (82,0 µg/dL), de ferritina (90,5 ng/mL) e da saturação de transferrina e 23,7%. A eletroforese de hemoglobina foi normal, descartando hemoglobinopatia, e a proteína C reativa (PCR) permaneceu menor que 1,0 mg/dL em ambos os momentos. Clinicamente, a atleta relatou fadiga intensa durante treinos e necessidade de reduzir a intensidade dos exercícios até a normalização dos parâmetros. O achado de ferritina e hemoglobina, indica que a paciente estava em estágio 2 da deficiência de ferro. Além disso, a dosagem de normal de ferritina e PCR, ambas proteínas de fase aguda, exclui anemia por doença crônica. Conclui-se que a atleta apresentou deficiência de ferro em estágio 2, sem caracterizar anemia. As alterações laboratoriais observadas podem estar relacionadas a fatores clínicos, como perdas menstruais associadas à endometriose e possível má absorção decorrente da doença de Crohn, embora essa relação não possa ser confirmada neste relato. O caso ressalta a importância de monitoramento contínuo em atletas de alto rendimento e aponta para a necessidade de investigações adicionais que permitam compreender melhor a interação entre condições clínicas e o metabolismo do ferro nesse contexto.
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