HEROÍSMO PÓS-MODERNO NO INDEX APPEAL DE LEONARD ZELIG

  • Vinícius Soares PINTO
Palavras-chave: cinema, index appeal, pós-modernidade, Woody Allen

Resumo

A complexidade das relações humanas no período pós-moderno e a pressão sobre como o sujeito contemporâneo lida com os múltiplos papéis sociais norteia este trabalho. A partir da análise do filme Zelig (1983), do diretor norte-americano Woody Allen, que narra a história do portador de uma doença que lhe permite ter suas características físicas e mentais de acordo com o grupo no qual está se relacionando, serão traçadas relações teóricas que dialogam com a obra e permitem compreender melhor os desafios do sujeito na pós-modernidade. O estudo é dividido em duas partes: a primeira concentra-se na análise da forma fílmica e a segunda no comportamento do protagonista Leonard Zelig. Entre os referenciais teóricos abordados, na primeira parte destacam-se a distinção entre documentários de “representação social e de satisfação de desejos” (Bill Nichols, 2005) para auxiliar na compreensão do gênero pseudodocumentário ao qual Zelig pertence; e discutir o “efeito do real” (Roland Barthes, 1968) na “forma e substância” (Christian Metz, 1977) do conteúdo de diferentes naturezas adotado no filme, como trechos de entrevistas, fotos e filmagens históricas, que compõe um híbrido mosaico de imagens. Na segunda parte, destacam-se o “index appeal” (Fernando Andacht, 2013), que demonstra como o homem pode ter sua vontade de expressão traída pelos signos exalados de maneira autônoma pelo próprio corpo; e a busca pela “performance” (Gilberto Dupas, 2001) do sujeito pós-moderno que teme lidar com o fracasso e não ser aceito pelo outro. O estudo conclui de que Leonard Zelig torna-se um herói admirado pela sociedade pós-moderna não apenas pelo fato inusitado de se mimetizar, mas por ser capaz de neutralizar as possíveis dissonâncias de seu index appeal.