MUTAÇÕES DO FATOR XII DO SISTEMA DE COAGULAÇÃO EM PACIENTES COM ANGIOEDEMA HEREDITÁRIO – ESTUDO DE CASO

  • Ana Carolina Barbosa Centro Universitário Autônomo do Brasil
  • Lilian Pereira Ferrari
Palavras-chave: Angioedema Hereditário, Gene F12, Fator XII, Estrogênio, Edema.

Resumo

O angioedema hereditário (HAE) é uma doença genética de herança autossômica dominante, caracterizada pela deficiência quantitativa e/ou funcional do inibidor de C1 (C1-INH), ou por alteração genética nos genes que codificam o fator XII da cascata de coagulação sanguínea, acarretando crises de edema e acometimento de diversos órgãos. Esse fenótipo é encontrado com maior frequência em mulheres. Os sintomas mais comuns são edema na pele e submucosa, nas regiões da face, nas extremidades, na genitália, na orofaringe, na laringe, na língua, nas vias aéreas e no trato gastrointestinal superior. Mutações no gene F12 do Fator XII resultam em HAE com C1-INH normal, sendo identificados distúrbios no sistema de coagulação e associações com o sistema endócrino. Essas mutações foram recém descritas em um grupo de pacientes do gênero feminino (estrogênio – dependente). A associação entre a doença e o hormônio estrógeno é a principal característica do HAE com C1-INH normal, por isso os sintomas são mais abrangentes durante o período de gravidez, lactação, ciclos menstruais e uso de anticoncepcionais, onde os níveis de estrogênio se encontram elevados. Descreve-se duas mutações de sentido trocado no exon 9 do gene F12, sendo elas do tipo substituição de bases. Posteriormente, duas outras mutações foram detectadas em pacientes com HAE com C1-INH normal, sendo uma a deleção de 72 pares de basese a outra, uma duplicação de 18 pares de bases, a qual codifica uma sequência repetida de 6 aminoácidos, também no exon 9 do gene F12. O objetivo desse trabalho é avaliar a presença de alterações no exon 9 do gene F12, em pacientes gestantes afetadas por HAE. Para cada paciente foi realizada uma triagem de análises imunológicas, confirmando o nível sérico de C1-INH e C4, depois os termos de consentimento sobre os procedimentos seguintes foram assinados por cada paciente. As amostras foram coletadas e a extração do DNA de sangue total foi realizada. Para genotipagem do exon 9 do gene F12 foi feita a técnica de PCR-SSCA. Depois, foram submetidas a um sequenciamento automático por eletroforese capilar, e, com base nos dados obtidos foi construído o heredrograma da família. Paciente do gênero feminino, 30 anos, apresenta sinais clínicos de angioedema há 5 anos, com inchaços principalmente na região da face. Em um sequenciamento de um fragmento de 533pb contendo o exon 9 do gene F12, foram obtidos os seguintes resultados: A variante c.983C>A encontrada, que leva à troca de aminoácido p.Thr328Lys no fator XII, é associada ao HAE e considerada como clinicamente importante (alteração patogênica). As variantes comuns c.1018+19delG (rs35966430) e c.1019-28T>C (rs17876031) encontradas são consideradas como clinicamente não patogênicas para o HAE e encontram-se em região não codificante (intrônica). Levando em consideração o caso relatado e os resultados obtidos, torna-se importante dispor de maior atenção e estudo de possíveis casos de angioedema hereditário, que, por ser uma patologia pouco conhecida por diversos profissionais da saúde, pode muitas vezes levar a um diagnóstico equivocado, o que atrasa o tratamento do paciente colocando sua vida em risco.

Biografia do Autor

Ana Carolina Barbosa, Centro Universitário Autônomo do Brasil
Graduanda de biomedicina do sexto período, no Centro Universitário Autônomo do Brasil (UNIBRASIL).
Publicado
2019-08-19
Seção
Biomedicina

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