REPRESENTAÇÃO MIDIÁTICA E ESTEREÓTIPO

A (IN)VISIBILIDADE DE MULHERES BISSEXUAIS

  • Elisa Aguiar Volpato UniBrasil
  • Fernanda Garbelini de Ferrante
Palavras-chave: Bissexualidade, Mulheres bissexuais, Representação, Representatividade

Resumo

A mídia frequentemente associa mulheres bissexuais a imagens estereotipadas, principalmente por meio da objetificação, o que contribui com a estigmatização da bissexualidade. A dupla discriminação de mulheres bissexuais decorrente do heterossexismo e do monossexismo está relacionada com os estereótipos e, portanto, a representação midiática possui um importante papel na produção de sentidos que influenciam o imaginário e as práticas sociais. O presente resumo parte da relação entre invisibilidade bissexual e estereótipo para investigar as percepções de mulheres bissexuais de como a mídia as representa. Os dados apresentados foram coletados durante uma pesquisa de caráter voluntário e anônimo, aprovada pelo comitê de ética em pesquisa, e cujos requisitos de participação eram: se identificar como mulher bissexual, ter minimamente 18 anos de idade e consentir com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A amostra corresponde a 151 respostas coletadas. Os dados foram analisados por meio da Análise de Conteúdo. Considerando o total da amostra, 56,9% (n.86) das participantes responderam diretamente sobre a quantidade da representação, 50% (n.43) a colocaram como baixa e 26,7% (n.23) enquanto nula; ou a qualidade, 20,9% (n.18) enquanto ruim e 2,3% (n.2) como boa. Dentro da amostra total, 17,2% (n.26) apontaram percepções de como a representação é feita: 88,2% (n.15) delas apontaram que a mídia as apaga, 52,9% (n.9) que mulheres bissexuais são representadas majoritariamente a partir de uma dicotomia em que são vistas alternadamente como lésbicas ou heterossexuais, e 11% (n.2) apontaram que o perfil está mudando, mas que ainda está preso aos estereótipos. A maioria das participantes, 94% (n.142), descreveram os estereótipos presentes nas representações: 64,7% (n.92) apontaram que a representação mostra a mulher bissexual por meio da hipersexualização, como um objeto de desejo masculino ou de casais, como promíscuas ou de forma fetichista; 23,2% (n.33) apontaram o estereótipo de que a bissexualidade é uma fase transitória, confusão ou indecisão; enquanto 11,9% (n.17) apontaram que mulheres bissexuais são representadas como pessoas não confiáveis, perigosas e infiéis. A percepção das participantes das representações de mulheres bissexuais na mídia como baixa, ruim e/ou repletas de estereótipos, torna necessária maior investigação da representação e representatividade bissexual. Considerando que o sentido nunca é fixado de forma definitiva em uma cultura, representações de mulheres bissexuais na mídia que não recorram à estereótipos podem ajudar na visibilidade e na redução dos estigmas da bissexualidade, contribuindo também para a construção da identidade e cultura bissexual.

Publicado
2021-11-19
Seção
Psicologia

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