BIFOBIA E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS DE MULHERES BISSEXUAIS

  • Elisa Aguiar Volpato UniBrasil
  • Aline Giovana Piva
  • Weliton P. Santos
  • Fernanda Garbelini de Ferrante
Palavras-chave: Bissexualidade, Bifobia, Mulheres bissexuais

Resumo

Bissexuais experienciam a bifobia por meio de discriminações, opressões, marginalizações e exclusões sociais que podem repercutir na saúde mental, bem-estar e qualidade de vida. A bifobia pode ser fonte de sofrimento, estresse e conflitos, tornando bissexuais um grupo social vulnerável, e portanto, as relações interpessoais para suporte, acolhimento e apoio se tornam essenciais. Diante disso, o presente resumo tem como objetivo apresentar dados das percepções de mulheres bissexuais sobre suas relações interpessoais e sociais, coletados por meio de uma pesquisa voluntária e anônima aprovada pelo comitê de ética em pesquisa, que teve como requisitos de participação: identificar-se como mulher bissexual, ter a idade mínima de 18 de anos e consentir com o TCLE. O questionário, divulgado nas redes sociais, teve 151 respostas e os dados foram analisados quantitativamente. 97,3% (n.147) das participantes afirmaram terem contado sua sexualidade para outros: 50,3% (n. 74) para amigos, 1,3% (n.2) para a família, 48,2% (n.71) para ambos e 2,6% (n.4) para ninguém. Quanto à espaços para falar sobre bissexualidade, 86,7% (n.132) acreditam possuir espaço com amigos, 9,9% (n.15) com a família, enquanto 2,6% (n.4) recorrem a internet, 2,6% (n.4) aos parceiros(as/es), 1,3% (n.2) ao trabalho e 0,6% (n.1) à faculdade, 1,3% (n.2) apenas com outros bissexuais, 0,6% (n.1) com o psicólogo e 0,6% (n.1) com desconhecidos. Em relação a experiências de bifobia nos relacionamentos, 41,4% (n.39) as tiveram no início e durante o relacionamento, 30,8% (n. 29) no início e 27,6% (n.26) durante, totalizando 62,3% (n. 94) da amostra. 88% (n.133) afirmaram terem experienciado violências por serem bissexuais: 54,8% (n.73) violência moral, 42,1% (n.56) psicológica e 3% (n.4) física. Sobre o sentimento de pertencimento à comunidade LGBTQIA+, 64,9% (n.98) o sentem independente do(a/e) parceiro(a/e), enquanto 22,5% (n.34) apenas quando se relacionam com mulheres e 12,6% (n. 19) não o sentem. 88,8% (n.134) responderam que, ao se relacionaram com homens, já se sentiram sem espaço e/ou invalidadas: 9,3% (n.14) a invalidação, 8,6% (n.13) a falta de espaço e 70,9% (n.107) experienciaram ambos. 41,1% (n. 62) acreditam que a comunidade LGBTQA+ não enxerga e válida a luta de mulheres bissexuais, 2,6% (n.4) que há visibilidade e validação, e 56,3% (n.85) apontaram que depende, mostrando que se trata de uma questão complexa. A partir dos dados apresentados, compreende-se que mulheres bissexuais têm maior abertura com amigos; que existem altos índices de violências decorrentes da bifobia; e que o sentimento de pertencimento à comunidade LGBTQIA+ não é necessariamente sinônimo de validação e espaço. Considerando principalmente estes dois últimos apontamentos, acredita-se que investigações mais aprofundadas sobre as relações interpessoais/sociais de mulheres bissexuais podem auxiliar na compreensão de como a presença ou ausência de apoio, acolhimento e suporte pode produzir impactos na saúde mental.

Publicado
2021-11-19
Seção
Psicologia

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