OS DESAFIOS ÉTICOS NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO
Resumo
Dentro das principais atividades que o psicólogo pode realizar, a psicoterapia, que é um desdobramento da Psicologia Clínica, ganha destaque em relação às outras áreas de atuação do profissional. Porém, ainda que esse campo de atuação se apresente com perspectivas promissoras, percebe-se que muitos psicólogos atuantes não realizam sua própria psicoterapia. Essa “não realização”, por parte do profissional, foi o que produziu a inquietação para a escrita deste texto, visto que a compreendemos como ferramenta formativa para a atuação do psicólogo, que independentemente de seu campo de atuação, irá trabalhar com subjetividade humana. O objetivo geral desta pesquisa é examinar os desafios éticos que surgem durante a formação profissional de psicólogos e entender suas implicações na prática clínica, com ênfase na ausência de psicoterapia individual, articulando com algumas contribuições da psicanálise à psicologia. Para refletir a questão, a partir da metodologia de revisão de literatura, percorremos orientações e resoluções do Código de Ética Profissional do Psicólogo, bem como pressupostos psicanalíticos, dado que a análise pessoal de um analista é um ponto de sustentação para a sua prática. Nesse sentido, assim como a psicanálise é uma práxis que se sustenta na articulação teórica com a clínica, indicando um lugar importante para essa experiência, a psicologia, apesar das muitas diferenças em sua fundação, objeto de estudo, pressupostos técnico-científicos, também é uma experiência do singular e, como tal, deveria ser operada por profissionais que levem a sério o processo do autoconhecimento, que não se reduz a um trabalho realizado do profissional para com ele mesmo, mas no compromisso ético de buscar um outro profissional que possa fazê-lo. Assim, como todo exercício profissional remete a um tempo histórico, intuímos, neste texto, provocar uma reflexão aos recém-psicólogos e aos de longa data na profissão sobre a importância da psicoterapia em sua atuação profissional, posto que sendo o cerne da atuação do psicólogo lidar com a singularidade das questões que acometem o sujeito, no qual o sofrimento é uma delas, afirmamos que só há lugar para a diferença quando o sujeito se propõe a falar sobre o que ainda não sabe sobre si, sendo essa uma valiosa contribuição da psicanálise à psicologia.
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