SEQUELAS DA LESÃO DO RAMO MANDIBULAR DO NERVO TRIGÊMEO NA FALA E NA MASTIGAÇÃO: UM ESTUDO CLÍNICO

  • betina antonio UNIBRASIL
  • Helen Luz
Palavras-chave: Palavras-chave: paralisia lingual, lesão do nervo trigêmeo, alterações das funções orais.

Resumo

A lesão do ramo mandibular do nervo trigêmeo (V3) pode resultar em complicações graves, incluindo paralisia total dos movimentos da língua, alterações na mastigação e ausência da fala devido à incapacidade articulatória. Este estudo teve como objetivo investigar a associação entre lesões no ramo mandibular do nervo trigêmeo e essas complicações, em um caso clínico. M.A.S., 71 anos, sexo feminino, chega à Clínica Escola de Fonoaudiologia do UNIBRASIL para uma avaliação fonoaudiológica, acompanhada pela filha para lhe servir de intérprete, uma vez que ela própria não consegue verbalizar nada além de grunhidos. A filha relata que, após a colocação da prótese dentária inferior total, a mãe perdeu a capacidade de articular palavras, passou a ter grandes dificuldades com as outras funções orais, mastigação e deglutição, além de sérios problemas emocionais devido às privações causadas pelo episódio relatado. Durante a avaliação, foram realizados testes específicos para avaliar a função motora da língua e a capacidade de mastigação. A paciente demonstrou uma incapacidade total de realizar movimentos básicos da língua. Além disso, a avaliação da mastigação revelou uma eficiência mastigatória extremamente baixa e número de deglutições diminuído. Com o intuito de oferecer a melhor reabilitação à paciente, terapeuta e orientadora propuseram-se a realizar uma imersão teórico-prática no caso. Em um período de três meses (junho a agosto de 2024), foram realizadas buscas nas bases de dados PubMed e MEDLINE, utilizando como critério de inclusão estudos de casos clínicos de pacientes com diagnóstico confirmado de lesão no ramo mandibular do nervo trigêmeo, que apresentaram os mesmos sintomas de M.A.S.; como critério de exclusão, foram descartados relatos clínicos de pacientes com histórico de outras condições neurológicas. Diante do exposto, este estudo de caso se justifica pela possibilidade de documentar e analisar essas complicações para melhorar o diagnóstico e o manejo clínico desses casos, assim como pela escassez de estudos que abordem as complicações específicas descritas neste caso. A coleta de dados tem ocorrido durante as sessões semanais de fonoterapia. O plano de terapia está ancorado em uma terapia de motricidade orofacial, com exercícios específicos de fortalecimento da musculatura oral, assim como o uso de recursos terapêuticos (bandagem e laserterapia). Apesar da gravidade da lesão, M.A.S. apresentou resultados positivos mesmo após poucas sessões terapêuticas. Durante as primeiras semanas de terapia, observou-se uma melhora significativa na capacidade de mastigação e na articulação da fala. Embora a recuperação completa possa ser incerta, os resultados positivos obtidos em poucas sessões terapêuticas demonstram o potencial das intervenções para promover a reintegração funcional e social da paciente.

 

 

 

 

Referências

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Publicado
2024-10-24
Seção
Fonoaudiologia EAD