A SAÚDE MENTAL DO ENFERMEIRO FRENTE À MORTE:

ANALISANDO O TEPT E A FADIGA POR COMPAIXÃO

  • Valtair Jose Paulo da Silva UNIBRASIL
  • Graciela Sanjutá Soares Faria UNIBRASIL/PROFESSORA ORIENTADORA
  • Samuel de Castro Santana Batista UNIBRASIL/ALUNO
Palavras-chave: transtorno de estresse pós-traumático, tanatologia, fadiga por compaixão, LUTO, MORTE, SAÚDE MENTAL

Resumo

O profissional de enfermagem, em sua rotina profissional, especialmente em unidades de cuidados intensivos, como emergência e plantão, é exposto constantemente a contexto de morte do seu paciente, sejam mortes brutais ou não brutais, variando conforme a percepção do enfermeiro. Esta pesquisa busca analisar a possível relação entre a exposição contínua do enfermeiro à morte de pacientes e o impacto em sua saúde mental, com foco no Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). A justificativa para este estudo reside na constatação de que a formação acadêmica em enfermagem, predominantemente voltada para o cuidado e manejo do processo saúde-doença, pode negligenciar o preparo para o processo de percepção do morrer, se tal tema não for devidamente apresentado durante a graduação. Gerando sentimentos de fracasso, impotência, angústia, anedonia perante a dor do outro e culpa nos profissionais. Observa-se que tal cenário se enquadra, segundo o manual da APA, no critério A4 do DSM-5-TR para TEPT, que descreve a exposição repetida a detalhes aversivos de eventos traumáticos em ambiente laboral como um fator desencadeante. O objetivo principal é, portanto, relacionar as vivências do enfermeiro diante da morte com os critérios diagnósticos do TEPT e discutir as implicações para o bem-estar desse profissional. O estudo, a partir de revisão bibliográfica de Rodrigo e colaboradores, Maria e colaboradores. Max e Kleber, Patrícia e colaboradores, Aline e Daniele e APA. Revela-se a partir do estudo que os enfermeiros desenvolvem estratégias de enfrentamento diversas, como o distanciamento emocional, o foco em procedimentos técnicos ou o refúgio na espiritualidade, para lidar com o estresse gerado. Tais sentimentos, em especial a anedonia e a insensibilidade, são manifestações comuns da fadiga por compaixão, uma resposta protetora do profissional ao trauma do paciente. Contudo, os resultados apontam que tais mecanismos podem ser insuficientes, e a ausência de um suporte institucional e de uma formação adequada em tanatologia agrava a vulnerabilidade psicológica, pela exposição ao critério A4 de TEPT. Conclui-se que a exposição à morte no ambiente de trabalho pode ser um fator de risco significativo para a saúde mental da equipe de enfermagem, e para o manejo do cuidado com o paciente, apresentando uma ótima oportunidade para inclusão de disciplinas sobre tanatologia nos currículos de graduação, bem como a criação de programas de apoio psicológico nas instituições de saúde, visando não apenas a saúde do cuidador, mas também a própria qualidade da assistência humanizada ao paciente em seu processo de morte. Para isso, a pesquisa indica a necessidade de um estudo aprofundado na relação da vivência do enfermeiro com os critérios do TEPT, em especial pelo critério A4.

Referências

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Publicado
2025-12-12
Seção
Psicologia

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