A RELAÇÃO DO HÁBITO DE FUMAR COM A SAÚDE ORAL

UM ESTUDO PILOTO COM GRUPO DE COMPARAÇÃO

Resumo

Mesmo que os efeitos negativos do tabagismo sobre a saúde bucal sejam amplamente reconhecidos, o hábito de fumar permanece prevalente. Justifica-se a preocupação com o problema, principalmente pela popularização do uso dos cigarros eletrônicos entre os jovens. O objetivo desse estudo transversal observacional, aprovado pelo CEP (# 63764022.7.0000.0095), foi avaliar e comparar o efeito do hábito de fumar sobre o alfabetismo em saúde bucal (ASB) e diferentes indicadores de saúde bucal. Foram incluídos 80 participantes, entre 19 e 75 anos, atendidos na Clínica Odontológica do UNIBRASIL, divididos em três grupos: 33 fumantes de cigarro convencional (CC), 20 fumantes de cigarro eletrônico (CE) e 27 não fumantes, durante o período de 8 meses. O ASB foi avaliado pelo questionário validado BREALD-30. Variáveis sociodemográficas, nível de inserção clínica (NIC), profundidade de sondagem (PS), índice de placa visível (IPV), índice de sangramento gengival (ISG), índice de higiene oral simplificado (IHO-S) e CPO-D foram examinados. A análise estatística foi realizada com o software SPSS, com nível de significância de 5%. A variável dependente foi o hábito de fumar. Foi utilizado os testes Associação Linear por Linear e Exato de Fischer para as variáveis categóricas e o teste Kruskall-Wallis para as variáveis numéricas. Como resultados, idades mais elevadas foram associadas ao hábito de fumar CC (p< 0,001), enquanto indivíduos mais jovens foram associados ao hábito de fumar CE (p< 0,001). Também foi encontrada associação entre o hábito de fumar e a escolaridade (p= 0,023), em que indivíduos com escolaridade menor foram associados ao hábito de fumar CC e indivíduos com maior escolaridade foram associados ao hábito de fumar CE. A mediana de BREALD foi 25 (8-30). Foi verificado que indivíduos não fumantes possuem níveis significativamente mais elevados de alfabetismo em saúde bucal (p= 0,05). O BREALD também foi associado com renda (p= 0,006), sendo que indivíduos de rendas mais baixas apresentaram medianas menores deste indicador. O hábito de fumar CC foi associado a índices mais elevados de CPO-D (p< 0,001). Com relação aos índices periodontais avaliados (PS, NIC, IPV, ISG e IHO-S) não houve diferença estatisticamente significante entre fumantes de cigarro convencional, fumantes de cigarro eletrônico e não fumantes (p> 0,05). Conclui-se que baixa escolaridade e renda foram associadas ao fumo convencional, evidenciando a importância do alfabetismo em saúde bucal. Outrossim, é preocupante a alta aceitação do cigarro eletrônico, mesmo sem conhecimento dos potenciais riscos.