ESPIRITUALIDADE NA FASE FINAL DE VIDA: REFLEXÕES JUNGUIANAS EM CUIDADOS PALIATIVOS
Resumo
A espiritualidade, entendida como dimensão humana voltada à busca de sentido e propósito, revela-se essencial em pacientes em fase final de vida, pois contribui para preservar dignidade, identidade e qualidade de vida, mesmo diante da proximidade da morte. Nos cuidados paliativos, reconhece-se que o sofrimento vai além da dimensão física, abrangendo aspectos emocionais, sociais e espirituais, o que Cicely Saunders conceituou como dor total. Nesse contexto, a espiritualidade oferece recursos de enfrentamento, promovendo serenidade, esperança e ressignificação da experiência de finitude. Na perspectiva da psicologia analítica de Jung, a espiritualidade pode ser compreendida como uma necessidade arquetípica da psique: ela se manifesta em experiências do numinoso, vivências de contato com o transcendente que provocam impacto profundo e transformador na consciência. Sob a ótima dessa teoria, tais experiências estão ligadas ao processo de individuação, entendido como caminho de integração da personalidade rumo ao si-mesmo, eixo central que organiza e dá unidade à vida psíquica. Assim, na fase final de vida, a espiritualidade pode favorecer a aproximação do paciente com sua totalidade interior, auxiliando na elaboração de sentidos e no enfrentamento do sofrimento. Este estudo, de caráter bibliográfico, teve como objetivo refletir sobre o papel da espiritualidade na fase final de vida, articulando referenciais da saúde, dos cuidados paliativos, da psicologia hospitalar e da psicologia analítica. Os resultados apontam que a vivência espiritual, além de reduzir o sofrimento e fortalecer vínculos com família e equipe de saúde, pode atuar como catalisadora do processo de individuação, tornando a experiência da finitude um momento de integração e transcendência. Conclui-se que o trabalho com a espiritualidade nos cuidados paliativos, a partir da perspectiva junguiana, apresenta-se como uma possibilidade para ampliar a compreensão do ser humano em sua totalidade, permitindo que o cuidado seja vivido de forma mais humana e significativa. Recomenda-se, portanto, o aprofundamento contínuo das pesquisas sobre espiritualidade no campo da saúde, bem como novos estudos que investiguem a prática da psicologia hospitalar sob a perspectiva da psicologia analítica, ampliando o campo de atuação do psicólogo diante dos desafios do cuidado em saúde.
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