EDUCAÇÃO PARA O LUTO COMO ESTRATÉGIA DE CUIDADO NA PRÁTICA CLÍNICA PALIATIVA

Resumo

O luto, compreendido como resposta a diferentes tipos de perdas significativas, pode ser abordado de forma antecipatória no contexto dos cuidados paliativos, uma vez que o diagnóstico de doença grave desencadeia perdas progressivas que afetam a identidade, os papéis sociais e os projetos de vida do paciente e de sua família. A falta de letramento sobre as experiências de luto favorece a chamada conspiração do silêncio, entendida como um acordo, explícito ou implícito, entre familiares e profissionais de saúde para ocultar do paciente a gravidade ou o diagnóstico de uma doença. Embora muitas vezes motivada pelo receio de causar sofrimento ou pelo desejo de proteger o indivíduo, essa prática resulta em comunicação deficiente e em decisões desalinhadas, comprometendo a autonomia do paciente, gerando ansiedade e dificultando sua adaptação à doença. O presente estudo teve como objetivo analisar como a educação para o luto pode ser implementada na prática clínica paliativa, promovendo o reconhecimento precoce das perdas, a ampliação da qualidade de vida e a prevenção de complicações emocionais, como o luto complicado. A investigação consistiu em revisão de literatura sobre luto, luto antecipatório, psicoeducação em contextos de saúde e estratégias de apoio psicológico em diferentes níveis de atuação, incluindo o individual, o familiar e o comunitário, destacando a importância da escuta ativa, da construção de narrativas e da possibilidade de expressão simbólica dessas perdas, além da realização de rituais coletivos. Os resultados indicam que a educação para o luto favorece a expressão das emoções, fortalece vínculos familiares, apoia cuidadores e aprimora a comunicação entre profissionais, promovendo decisões compartilhadas e a humanização do cuidado. Conclui-se que a incorporação sistemática da educação para o luto em cuidados paliativos transforma o enfrentamento da finitude em um processo contínuo de acompanhamento, permitindo que pacientes, familiares e equipes vivenciem as perdas com maior compreensão, dignidade e significado, evidenciando seu papel essencial na promoção da saúde mental e da resiliência diante das diferentes formas de perda.