A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA COMO UM PROCESSO DE LUTO NÃO RECONHECIDO

  • Giovana Harasemiv Garze Psicologia, UNIBRASIL
  • Samanta Forti UniBrasil
Palavras-chave: violência obstétrica;, psicologia perinatal;, psicologia obstétrica;, luto;, luto não reconhecido;, luto não autorizado.

Resumo

A violência obstétrica se manifesta como uma realidade alarmante que intensifica o estado de vulnerabilidade vivenciado por gestantes durante o período perinatal. A violação de seus direitos durante o parto pode levar a traumas profundos, como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e Depressão Pós-Parto, além de aumentar o risco de ansiedade e sofrimento a longo prazo, afetando até mesmo a capacidade de estabelecer um vínculo positivo com o bebê. Esse estudo explorou a dinâmica da maternidade e a psicologia perinatal, investigando as perdas e lutos enfrentados por gestantes e como esses lutos são recebidos pela sociedade, que por vezes falha em reconhecer as consequências da violência obstétrica na saúde mental e bem-estar das vítimas. Através de uma revisão bibliográfica, foram identificados artigos na coleção Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), publicados de 2015 a 2023 e relacionados à violência obstétrica e a psicologia perinatal. Essas pesquisas destacam a complexidade dos fenômenos que cercam o processo de dar à luz, bem como a naturalização da violência, tanto por profissionais de saúde quanto por gestantes, que podem não reconhecer certas práticas como abusivas. Reconhecer implica admitir algo como verdadeiro ou real. O conceito de luto não reconhecido refere-se a perdas que não são admitidas abertamente ou socialmente validadas. No caso da violência obstétrica, isso envolve não só o impacto psicológico, mas também a perda de um momento que foi idealizado e cuidadosamente planejado. A violência obstétrica pode envolver desrespeito, negligência, abuso físico ou verbal e procedimentos médicos realizados sem consentimento, resultando na perda de autonomia e dignidade, fatores fundamentais para a integridade emocional e psicológica do sujeito. Onde está a voz dessas pessoas diante a uma profunda sensação de perda? A falta de reconhecimento por parte da sociedade e dos profissionais de saúde pode levar a ausência de apoio adequado. Para prevenir a violência obstétrica, é crucial educar os profissionais de saúde sobre práticas respeitosas, implementar e seguir protocolos claros, empoderar as pessoas que gestam, oferecer suporte psicológico às vítimas, criar sistemas de monitoramento e denúncia, aumentar a conscientização pública e estabelecer leis e políticas específicas para reduzir a ocorrência desses abusos.

Publicado
2024-10-28
Seção
Psicologia