ESTUDO DO MICROBIOMA HUMANO: ALTERAÇÕES DA MICROBIOTA INTESTINAL TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR
Resumo
A microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde, regulando processos metabólicos, imunológicos e neurológicos por meio do eixo intestino-cérebro. O desequilíbrio dessa comunidade microbiana, conhecido como disbiose, tem sido associado a diversas doenças crônicas, incluindo o Transtorno Depressivo Maior (TDM), condição psiquiátrica que acomete aproximadamente 280 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. A justificativa para este estudo reside na crescente evidência científica que relaciona alterações no microbioma intestinal com a fisiopatologia da depressão, sobretudo por meio da modulação de neurotransmissores, da integridade da barreira intestinal e da ativação de processos inflamatórios. O objetivo desta pesquisa foi analisar dados do American Gut Project, investigando diferenças na diversidade e composição bacteriana entre indivíduos com diagnóstico de depressão e controles saudáveis. Para isso, foram selecionadas 875 amostras de participantes com TDM e 16.473 sem histórico da condição. A análise considerou métricas de diversidade alfa, pelo índice de Shannon, e diversidade beta, pela distância de Bray-Curtis com análise de coordenadas principais (PCoA). Diferenças entre grupos foram testadas pelo método de Mann–Whitney U e PERMANOVA, adotando-se significância de p < 0,05. Os resultados mostraram que a diversidade alfa foi semelhante entre os grupos, com medianas próximas (3,72 em indivíduos com depressão e 3,73 nos controles), não indicando diferença relevante no número e na distribuição de espécies bacterianas dentro de cada amostra. Em contrapartida, a análise de diversidade beta revelou distinções significativas na composição global da microbiota, com resultado do PERMANOVA F = 3,99 e p = 0,001, evidenciando que, apesar da diversidade interna ser semelhante, a estrutura bacteriana difere entre indivíduos com e sem depressão. Com base nos estudos revisados, a microbiota intestinal influencia diretamente processos neurobiológicos relacionados ao Transtorno Depressivo Maior (TDM). Esse efeito está associado não apenas à quantidade e diversidade de bactérias, mas principalmente às alterações em sua composição. Esses achados indicam que o eixo intestino-cérebro pode representar um ponto de interesse para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas. Assim, pesquisas longitudinais são importantes para avaliar a eficácia de intervenções envolvendo dieta, probióticos e medicamentos como coadjuvantes no tratamento da depressão.
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