ESTUDO DO MICROBIOMA HUMANO: ALTERAÇÕES DA MICROBIOTA INTESTINAL TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR

  • Rayana Ariane Pereira Maciel Centro Universitário Autônomo do Brasil https://orcid.org/0000-0002-1745-0732
  • Ana Beatriz Veloso Henriques UniBrasil
  • Guilherme Vismeck Costa Stabel UniBrasil
  • Aymee Gonçalves Ferreira de Souza UniBrasil
Palavras-chave: microbiota intestinal; depressão; disbiose; eixo intestino-cérebro; diversidade microbiana.

Resumo

A microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde, regulando processos metabólicos, imunológicos e neurológicos por meio do eixo intestino-cérebro. O desequilíbrio dessa comunidade microbiana, conhecido como disbiose, tem sido associado a diversas doenças crônicas, incluindo o Transtorno Depressivo Maior (TDM), condição psiquiátrica que acomete aproximadamente 280 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. A justificativa para este estudo reside na crescente evidência científica que relaciona alterações no microbioma intestinal com a fisiopatologia da depressão, sobretudo por meio da modulação de neurotransmissores, da integridade da barreira intestinal e da ativação de processos inflamatórios. O objetivo desta pesquisa foi analisar dados do American Gut Project, investigando diferenças na diversidade e composição bacteriana entre indivíduos com diagnóstico de depressão e controles saudáveis. Para isso, foram selecionadas 875 amostras de participantes com TDM e 16.473 sem histórico da condição. A análise considerou métricas de diversidade alfa, pelo índice de Shannon, e diversidade beta, pela distância de Bray-Curtis com análise de coordenadas principais (PCoA). Diferenças entre grupos foram testadas pelo método de Mann–Whitney U e PERMANOVA, adotando-se significância de p < 0,05. Os resultados mostraram que a diversidade alfa foi semelhante entre os grupos, com medianas próximas (3,72 em indivíduos com depressão e 3,73 nos controles), não indicando diferença relevante no número e na distribuição de espécies bacterianas dentro de cada amostra. Em contrapartida, a análise de diversidade beta revelou distinções significativas na composição global da microbiota, com resultado do PERMANOVA F = 3,99 e p = 0,001, evidenciando que, apesar da diversidade interna ser semelhante, a estrutura bacteriana difere entre indivíduos com e sem depressão. Com base nos estudos revisados, a microbiota intestinal influencia diretamente processos neurobiológicos relacionados ao Transtorno Depressivo Maior (TDM). Esse efeito está associado não apenas à quantidade e diversidade de bactérias, mas principalmente às alterações em sua composição. Esses achados indicam que o eixo intestino-cérebro pode representar um ponto de interesse para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas. Assim, pesquisas longitudinais são importantes para avaliar a eficácia de intervenções envolvendo dieta, probióticos e medicamentos como coadjuvantes no tratamento da depressão.

Biografia do Autor

Rayana Ariane Pereira Maciel, Centro Universitário Autônomo do Brasil

Possui Doutorado e Mestrado em Microbiologia, Parasitologia e Patologia (Área de concentração: Patologia/Nefrologia Experimental) pela Universidade Federal do Paraná - UFPR, Bacharelado em Biomedicina (Habilitação em Análises Clínicas) pelo UniBrasil. Atualmente é Coordenadora do Curso de Biomedicina do Centro Universitário Autônomo do Brasil - UniBrasil. Leciona nos cursos de Biomedicina, Nutrição, Farmácia e Odontologia, nas disciplinas de Patologia, Imunologia, Microbiologia e Estágios Supervisionados, além de orientar Trabalhos de Conclusão de Curso. É docente do Curso de Pós Graduação Diagnóstico Laboratorial em Biologia Molecular. Revisor de periódicos no Cadernos da Escola de Saúde (ISSN 1984-7041). Possui experiência em todos os setores das Análises Clínicas, docência nas áreas Biológicas e da Saúde e projetos na linha de pesquisa em mecanismos celulares e moleculares da toxicidade urêmica, técnicas de cultivo celular, ELISA, imunocitoquímica e imunofluorescência, Western Blot, citometria de fluxo, ensaios de citotoxicidade e de permeabilidade celular.

Publicado
2025-11-25
Seção
Biomedicina

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