JUSTIÇA ESPORTIVA DO FUTEBOL FEMININO BRASILEIRO: ANÁLISE DA COMISSÃO EXCLUSIVA DE AUDITORAS DO STJD COMO ESTRATÉGIA INSTITUCIONAL DE EQUIDADE DE GÊNERO E SEUS ACÓRDÃOS (2023-2024)

Palavras-chave: justiça esportiva, equidade de gênero, ações afirmativas, futebol feminino, representatividade institucional

Resumo

Depois de quarenta e dois anos de banimento das mulheres do futebol brasileiro (1941-1983), a criação, em 2019, de uma comissão disciplinar exclusivamente feminina no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) representa um marco simbólico. Durante quase cinco anos, esse colegiado atuou em primeira instância julgando casos de indisciplina no futebol feminino. Este artigo analisa a escolha de mulheres para julgar o futebol feminino no STJD e as decisões proferidas a partir da entrada em vigor da Lei Geral do Esporte (Lei 14.597/2023). Adota-se método descritivo-analítico, com técnicas bibliográfica, documental e jurisprudencial. A análise estrutura-se em três eixos: (i) fundamentos constitucionais e teóricos das ações afirmativas nos tribunais esportivos; (ii) exame das particularidades da criação e extinção da comissão; e (iii) avaliação dos seus limites e alcances institucionais. Conclui-se que a medida promoveu visibilidade e estímulo simbólico à equidade de gênero, mas enfrenta obstáculos à sua consolidação e eficácia.

Referências

AMADO, Guilherme. STJD vai julgar processos de jogos femininos em todas as comissões. Metrópoles, 02 ago. 2024. Disponível em: https://www.metropoles.com/colunas/guilherme-amado/stjd-vai-julgar-processos-de-jogos-femininos-em-todas-as-comissoes. Acesso em: 19 jul. 2025.

CARNEIRO, C. D. Representação feminina nos parlamentos brasileiros: discutindo os direitos políticos das mulheres a partir de modelos e experiências internacionais. Revista Direitos Fundamentais & Democracia, v. 23, n. 3, p. 154-181, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.25192/issn.1982-0496.rdfd.v23i31093. Acesso em: 19 jul. 2025.

CLÈVE, Clèmerson Merlin. A democracia constitucional e seus descontentes. Belo Horizonte: Fórum, 2025.

CLÈVE, Clèmerson Merlin. Corte suprema, agir estratégico e autoridade constitucional compartilhada. Belo Horizonte: Fórum, 2021.

COLOTTA, M. Diplomacia e mulheres latino-americanas: os casos de Argentina, Colômbia e México. Revista Direitos Fundamentais & Democracia, v. 29, n. 1, p. 187-207, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.25192/ISSN.1982-0496.RDFD.V.29.N.I.2395. Acesso em: 19 jul. 2025.

DWORKIN, Ronald. A virtude soberana: a teoria a prática da igualdade. Tradução Jussara Simões. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

FEUZ, P. S. A natureza jurídica da Justiça Desportiva no Brasil. (in) VARGAS, A. (Org.). Conteúdos para atualização de operadores do Direito da Justiça Desportiva. Rio de Janeiro: CONFEF, 2019, v. 1, p. 10-15.

GOELLNER, S. V. Mulher e esporte no Brasil: entre incentivos e interdições elas fazem história. Pensar a Prática, v. 8, n. 1, p. 85-100, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.5216/rpp.v8i1.106. Acesso em: 19 jul. 2025.

KAMPFF, Andrei. STJD cria comissão feminina: ideia traz uma reflexão necessária. Leiemcampo, blogosfera UOL, 29 set. 2019. Disponível em: https://leiemcampo.blogosfera.uol.com.br/2019/09/29/stjd-cria-comissao-feminina-ideia-traz-uma-reflexao-necessaria/. Acesso em: 19 jul. 2025.

KEIM, M; DE CONING, C. Voices from the south: Emerging sport and development trends on the global policy agenda. In: MAGUIRE, Joseph; LISTON, Katie; FALCOUS, Mark (org.). The Palgrave Handbook of Globalization and Sport. Londres: Palgrave Macmillan, p. 514, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1057/978-1-137-56854-0. Acesso em: 24 jul. 2025.

LOPIANO, D. A. Modern history of women in sports: twenty-five years of Title IX. Clinics in Sports Medicine, v. 19, n. 2, p. 163-173, 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1016/s0278-5919(05)70196-4. Acesso em: 19 jul. 2025.

MARTINS, M. Z. Análise da Resolução nº 525/2023 do Conselho Nacional de Justiça e implementação de política pública voltada à promoção da equidade de gênero nos tribunais à luz da Sociologia da Ação Pública. Brazilian Journal of Development, v. 10, n. 10, e73933, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.34117/bjdv10n10-057. Acesso em: 19 jul. 2025.

MATTHEWS, J. J. K. The Brighton Conference on Women and Sport. Sport in History, v. 41, n. 1, p. 98-130, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1080/17460263.2020.1730943. Acesso em: 19 jul. 2025.
MIKKONEN, M. Envisioning institutional change for gender equality - Women’s perspectives on fostering gender equality in leadership positions in sport. Journal of Global Sport Management, p. 1-22, 2025. Disponível em: https://doi.org/10.1080/24704067.2025.2526064. Acesso em: 19 jul. 2025.

MOMBAÇA, Jota. Notas estratégicas quanto aos usos políticos do conceito de lugar de fala. Buala, 19 jul. 2017. Disponível em: https://www.buala.org/pt/corpo/notas-estrategicas-quanto-aos-usos-politicos-do-conceito-de-lugar-de-fala. Acesso em: 21 jul. 2025.

NUSSBAUM, Martha C. Frontiers of justice: disability, nationality, species membership. Cambridge: Belknap Press, 2006.

RADAR-MONDAINE confirma jogos nos EUA. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, ano 52, n. 16438, 09 mar. 1983, p. 8. Disponível em: https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=112518_05&Pesq=%22futebol%20feminino%22&pagfis=16475. Acesso em: 19 jul. 2025.

RECK, Janriê Rodrigues. O direito das políticas públicas: regime jurídico, agendamento, formulação, implementação, avaliação, judicialização e critérios de justiça. Belo Horizonte: Fórum, 2023.

REGULAMENTADO o futebol feminino. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, ano 53, n. 16457, 28 mar. 1983, p. 14. Disponível em: https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=112518_05&Pesq=%22futebol%20feminino%22&pagfis=16811. Acesso em: 19 jul. 2025.

RIBEIRO, Djamila. Lugar de Fala. São Paulo: Jandaíra, 2023.

SCHOCH, L.; PAPE, M. Driving change? Field containment of gender equality committees in international sports governance. Sociology of Sport Journal, v. 42, n. 2, p. 171-179, 2025. Disponível em: https://doi.org/10.1123/ssj.2023-0205. Acesso em: 19 jul. 2025.

SOUZA, Rosalina Freitas Martins de. A função jurisdicional adequada e a releitura do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (CRFB/88, art. 5º, XXXV). Orientador: Francisco Ivo Dantas Cavalcanti. 2017. 214 f. Tese (Doutorado em Direito) – Faculdade de Direito do Recife da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE. 2017. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29330. Acesso em: 19 jul. 2025.
Publicado
2025-11-26