ANÁLISE CRÍTICA DA GUARDA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO CÓDIGO CIVIL E NO ECA:
RESGATE E RESSIGNIFICAÇÃO DE CONCEITOS ESTRUTURAIS DO INSTITUTO
Resumo
Na presente pesquisa, que se situa nos campos do direito das famílias e no direito da criança e do adolescente, tem-se como objetivo analisar, com viés crítico, as semelhanças e diferenças entre os institutos da guarda na perspectiva tradicional do Código Civil e na legalidade protetiva dos menores advinda do modelo estatutário. Busca-se esclarecer pontos confusos da legalidade vigente, a partir de uma leitura civil-constitucional do tema, justificando-se a importância acadêmica e social do estudo que colabora com a dogmática jurídica ao buscar revelar um padrão narrativo aceitável e, portanto, menos caótico frente ao confuso governo jurídico-normativo das relações familiares e de tutela de crianças e adolescentes. A metodologia utilizada é a de análise bibliográfica e de averiguação de decisões judiciais nos tribunais de vértice e o respectivo levantamento dos discursos de base servíveis para estruturação das decisões. A questão-problema que norteia a pesquisa é a seguinte: a guarda do Código Civil e a guarda do ECA revelam a mesma natureza jurídico-conceitual ou são institutos diferentes? A hipótese de trabalho, que mais se propõe a figurar como conjectura doutrinária, parte da ideia-base de que há um elemento essencial à configuração da guarda servível à manutenção de uma noção geral, única de guarda. Da análise crítica da legalidade da guarda no direito protetivo-filial, tomadas as diretrizes principiológicas do direito civil-constitucional e consideradas as advertências necessárias advindas da doutrina que critica os excessos subjetivistas do neoconstitucionalismo, a pesquisa revela a necessidade de esclarecer-se o fundo normativo do princípio da operabilidade das normas civis, concluindo que a guarda, ainda que consideradas as radicais transformações conceituais operadas pelas Leis 11.698/2008 e 13.058/2014 (regimes que trouxeram à baila a denominada “guarda compartilhada” no direito brasileiro), contém um elemento substancial que se consolida nas ideias-chave de convivência, assistência direta (material e moral) e companhia, o que conduz à compreensão de que a guarda codificada e a guarda estatutária detêm, ambas, a mesma natureza de “exercício de responsabilidades” estejam ligadas, ou não, à noção de autoridade parental (poder familiar).
Referências
BÉNABENT, Alain. Droit de la famille. 4. ed. Issy-les-Moulineaux: Lextenso Éditions, 2018.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 14 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Editora JusPodivm, 2021.
FACHIN, Luiz Edson. Famílias: entre o público e o privado. Disponível em: https://ibdfam.org.br/assets/upload/anais/274.pdf. Acesso em 15/04/2024.
GOMES, Orlando. A crise do direito. São Paulo: Max Limonad, 1955. passim.
GOMES, Orlando. Raízes históricas e sociológicas do Código Civil brasileiro. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda compartilhada: um modelo de responsabilidade parental. São Paulo: RT, 2000.
GRYSARD FILHO. Waldir. Guarda compartilhada: um novo modelo de cuidado (e justiça) aos filhos do divórcio. Dissertação. UFPR. 1999.
MADALENO, Rolf. Direito de Família. 13. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023. E-book.
MALISKA, Marcos Augusto. Pluralismo jurídico e direito moderno: notas para pensar a racionalidade jurídica. 2. ed. rev. ampl. Curitiba: Juruá, 2022.
NOBRE, Marcos. A teoria crítica. São Paulo: Zahar, 2014.
PEREIRA JÚNIOR, Antônio Jorge. Fundamentos de fiscalização e orientação do poder familiar. Revista Da Faculdade De Direito, USP, 97, 2002.
SIMÃO, José Fernando. Guarda exercida pelos pais: um instituto vazio, inútil e perigoso. Revista Jurídica da Escola Superior de Advocacia da OAB/PR. 1. ed. ago/2016.
TEPEDINO, Gustavo. Premissas Metodológicas para a Constitucionalização do Direito Civil. In: Temas de Direito Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.
Copyright (c) 2025 Anais do EVINCI - UniBrasil

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.