A vitória do “escolhido de Deus”
um encontro contraditório entre democracia e antigo regime nas Eleições de 2018
Resumo
Desde a última redemocratização, nos anos 1980, o movimento religioso evangélico segue com elevado crescimento no Brasil. Suas ações, além das tradicionais práticas religiosas, expandem-se à área política, principalmente, em duas frentes: ativa presença de lideranças religiosas no Congresso Nacional e a oportunidade de influenciar os votos de seus adeptos. O estudo objetiva refletir sobre a relação entre democracia e a afirmação de que Jair Bolsonaro seria o “escolhido de Deus” para a vitória da eleição presidencial em 2018. Analisamos dois vídeos nos quais Bolsonaro, recém eleito, se apresenta em cultos evangélicos agradecendo a vitória e reafirmando a influência divina neste resultado. Ressaltamos que a frase “escolhido por Deus” remete à crença de direito divino dos reis do Antigo Regime, um contraste aos conceitos atuais de democracia. A pesquisa indica a ocorrência de um sincretismo entre democracia e direito divino, paralelo ao sincretismo religioso que ocorre na corrente cristã neopentecostal.
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