“Vocês São Todos Loucos!”: operacionalização das Diferenças em Madeinusa (2006) e A teta assustada (2009) de Claudia Llosa

  • Iara Beleli
  • Andressa Gordy Lopes dos Santos

Resumo

A obra da cineasta peruana Claudia Llosa atualiza e remodela narrativas que questionam a constante inferiorização das culturas e vivências indígenas da região dos Andes. Em seus filmes, a realizadora enfatiza as múltiplas realidades nacionais do Peru e o conflito entre as relações desses povos com as próprias noções de civilidade e ancestralidade. Partindo, sobretudo, da perspectiva e das experiências de personagens majoritariamente femininas, seus dois primeiros filmes - Madeinusa (2006) e A teta assustada (2009) - permitem contemplar uma miríade de disputas e negociações relacionais de poder entre as mulheres subalternizadas, advindas da cultura ameríndia, e as estruturas de poder alicerçadas em princípios coloniais da capital, Lima. Neste artigo, prestamos particularmente a atenção sobre como o gênero, articulado a outras categorias de diferença, opera na construção de suas narrativas. Explorar as contradições e os conflitos presentes nos filmes permite compreender o olhar de Llosa, mulher branca pertencente a uma
família da elite intelectual e política peruana, sobre a cultura indígena de seu país, especialmente sobre as relações entre mulheres em distintas posições sociais.

Publicado
2021-05-28
Seção
Dossiê Orientalismo