A Forma Flexível e Inclusiva de Fazer Jornalismo da Geração Z

  • Zanei Ramos Barcellos Universidade de Brasília (UnB)
  • Patrícia Guimarães Gil Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPN)
Palavras-chave: Geração Z, Pesquisa-criação, Narrativas Transmídia, Redação Virtual, Multiplataforma

Resumo

O artigo relata resultados de uma pesquisa-criação realizada no Brasil ao longo de 30 meses para averiguar como os jornalistas da Geração Z lidam com as tecnologias digitais emergentes para criar narrativas específicas em diferentes plataformas digitais. O estudo envolveu 125 estudantes universitários para a elaboração de um produto jornalístico multiplataforma a partir de princípios da pedagogia crítica de Paulo Freire. A pesquisa indicou que os jovens da Geração Z estabelecem parâmetros de uma “economia de tráfego” para suas histórias na internet, o que evita a fragmentação discursiva. Sua forma de produção segue seus hábitos de consumo de notícias, especificando narrativas e ferramentas próprias para cada plataforma. A gestão organizacional dos novos modelos jornalísticos a serem possivelmente chefiados por essa nova geração inclui a horizontalidade na tomada de decisões e modelos virtuais de Redação, flexibilizando e democratizando a produção. Para os participantes da pesquisa, imersos em um contexto de ameaça democrática no Brasil, a definição de pautas para os meios digitais decorre da problematização de temas que se contrapõem aos discursos hegemônicos das mídias tradicionais.

Biografia do Autor

Zanei Ramos Barcellos, Universidade de Brasília (UnB)
Professor adjunto de Jornalismo Digital na Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (FAC/UnB), doutor em Gestão Urbana, mestre em Administração, graduado em Comunicação Social - Jornalismo
Patrícia Guimarães Gil, Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPN)
Professora assistente na Escola de Jornalismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPN), doutora em Ciência da Comunicação, mestre em Políticas Públicas e Governança, graduada em Comunicação Social - Jornalismo

Referências

BARCELLOS, Zanei. et al. Jornalismo das Coisas. Artigo apresentado no 40.º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, São Paulo (SP), 4-9 Setembro, 2017.

BARCELLOS, Zanei; GONZATTO, Rodrigo; BOZZA, Gabriel. Jornalismo em segunda tela: webjornal produzido com dispositivos móveis em redação virtual. Sur le Journalisme, About Journalism, Sobre Jornalismo, vol. 3, n. 2, p. 84-89, 2014.

BIVENS, Reena Kim. The Internet, Mobile Phones and Blogging: How New Media are Transforming Traditional Journalism. Journalism Practice, vol. 2, n.1, p. 113-129. 2008.

BRAZILIAN INTERNET STEERING COMMITTEE (BISC) ICT Households 2017. Survey on the Use of Information and Communication Technologies in Brazilian Households. Disponível em: https://bit.ly/2YbZSk7. Acesso em 2 jul. 2019.

BRUNS, Axel; HIGHFIELD, Tim. Blogs, Twitter, and breaking news: the produsage of citizen journalism. In: LIND, Rebecca Ann (Ed.) Produsing Theory in a Digital World: The Intersection of Audiences and Production in Contemporary Theory. New York: Peter Lang, 2012. p. 15-32

BUCHER, Taina. Want to be on the top? Algorithmic power and the threat of invisibility on Facebook. New Media & Society, vol. 14, n. 7, p. 1164-1180, 2012.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação, economia, sociedade e cultura, v.1 São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CASTELLS, Manuel. Comunicación y poder. Madrid: Alianza, 2012.

CHAPMAN, Owen; SAWCHUK, Kim. Research-Creation: Intervention, Analysis and Family Resemblances. Canadian Journal of Communication, vol. 37, p. 5-26, 2012.

COULDRY, Nick; CURRAN, James. Contesting media power: alternative media in a networked world. Oxford: Rowman & Littlefield Publishers, 2003.

DAHLBERG, Lincoln. Rethinking the fragmentation of the cyberpublic: from consensus to contestation. New Media & Society, vol. 9, n. 5, p. 827-847, 2007.

DEUZE, Mark; YESHUA, Daphna. Online journalists face new ethical dilemmas. Lessons from the Netherlands. Journal of Mass Media Ethics, vol. 16, n. 4, p. 273-292, 2001.

DIMOCK, Michael. Defining generations: where millennials and Generation Z begins. Pew Research Center, 2019. Disponível em: https://www.pewresearch.org/fact-tank/2019/01/17/where-millennials-end-and-generation-z-begins/ Acesso em 3 jul. 2019.

DÍAS-CAMPO, Jesús; SEGADO-BOJ, Francisco. Journalist ethics in a digital environment: How journalistc codes of ethics have been adapted to the Internet and ICTs in countries around the world. Telematics and Informatics, vol. 32, n. 4, p. 735-744, 2015.

EISENBERG, José. Democracia, desigualdade e tecnologias da informação e comunicação. In: CUNHA, Alexandra; FREY, Klaus; DUARTE, Fábio (Orgs.). Governança local e as tecnologias de informação e comunicação. Curitiba: Champagnat, 2009. p. 19-31

FOA, Roberto Stefan; MOUNK, Yascha. The Democratic disconnect. Journal of Democracy, vol. 27, n. 3, p. 5-17, 2016.

FREIRE, Paulo. Education for Critical Consciousness. New York: Continuum International Publishing Group, 1974.

FREIRE, Paulo. Pedagogy of the Oppressed. New York: Continuum International Publishing Group, 1993.

FREIRE, Paulo. The politics of education: Culture, power and liberation. Boston (MA): Bergin & Garvey Publishers, 1985.

GALLOWAY, Scott. Os quatro: Apple, Amazon, Facebook e Google. Os segredos dos gigantes da tecnologia. São Paulo: HSM, 2017.

HERMIDA, Alfred. Twittering the news: The emergence of ambient journalism. Journalism Practice, vol. 4, n. 3, p. 297-308, 2010.

HOLTON, Avery E.; LEWIS, Seth C.; CODDINGTON, Mark. Interacting with audiences: Journalistic role conceptions, reciprocity, and perceptions about participation. Journalism Studies, vol. 17, n. 7, p. 849-859, 2016.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2008.

JENKINS, Henry; GREEN, Joshua; FORD, Sam. Cultura da conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Aleph, 2014.

KARLSOON, Michael. The immediacy of online news, the visibility of journalistic processes and a restructuring of journalistic authority. Journalism, vol. 12, n. 3, p. 279-295, 2011.

LATZER, Michael; HOLLNBUNCHNER, Katharina; JUST, Natascha; SAURWEIN, Florian. The economics of algorithmic selection on the Internet. Working Paper – Media Change & Innovation Division, vol. 7, n. 1, p. 3-33, 2014. Disponível em: http://www.mediachange.ch/media/pdf/publications/Economics_of_algorithmic_selection_WP_.pdf. Acesso em 7 set. 2019.

LIVINGSTON, Sonia. The challenge of changing audiences: Or, what is the audience researcher to do in the age of the Internet? European Journal of Communication, vol. 19, n. 1, p. 75-86, 2004.

MANNING, Erin; MASSUMI, Brian. Thought in the Act. Passages in the Ecology of Experience. Minnesota: University of Minnesota Press, 2014.

PARISER, Eli (2012) O filtro invisível: o que a internet está escondendo de você. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

ROBINSON, Sue. Convergence Crises: News Work and News Space in the Digitally Transformation Newsroom. Journal of Communication, vol. 61, n. 6, p. 1122-1141, 2011.

SALAZAR, Philippe-Joseph. (2018) The Alt-Right as a Community of Discourse. Javnost – The Public, vol. 25, n. 1-2, p. 135-143, 2018.

SCOLARI, Carlos A. Transmidia sotorytelling: más allá de la ficción Hipermidiaciones, 10 abril 2011. Disponível em: https://hipermediaciones.com/2011/04/10/transmedia-storytelling-mas-alla-de-la-ficcion. Acesso em 12 maio 2019.

TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1980.

TRAQUINA, Nelson. Jornalismo Cívico: reforma ou revolução? In: TRAQUINA, Nelson; MESQUITA, Mário (Eds.) Jornalismo Cívico. Lisboa: Livros Horizonte, 2003. p. 9-17

TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular, 2005.

Publicado
2020-08-03